Investing.com - O relatório de empregos de abril apresentou leituras contraditórias nesta sexta-feira, deixando os mercados inalterados com expectativas de que o Federal Reserve aumente os juros em junho.
As folhas de pagamento não agrícolas (NFP, na sigla em inglês) tiveram aumento de 164.000 em abril, frustrando expectativas de criação de 189.000 empregos no mês passado.
No lado positivo, a taxa de desemprego caiu para 3,9%, menor nível desde dezembro de 2000. As expectativas, que eram de queda de 4,1% para 4,0%, foram superadas.
No entanto, especialistas observaram que o declínio maior do que o esperado se deveu principalmente a uma grande parcela dos desempregados que deixaram o mercado de trabalho.
A inflação dos salários foi o foco principal no relatório de abril, com o aumento em base anual de 2,6%, abaixo das previsões em de 2,7%.
O aumento nos salários é acompanhado de perto pelo Federal Reserve na busca de evidências de menor folga no mercado de trabalho e pressões inflacionárias ascendentes. Economistas geralmente consideram que um aumento de 3,0% ou mais seria consistente com inflação em alta.
"O mercado de trabalho dos EUA continua a ficar mais apertado, mas onde está o crescimento salarial?", comentaram analistas da Danske Bank Research após o relatório.
Observando que a inflação dos salários continua moderada, esses especialistas veem "o Fed no piloto automático com mais dois a três aumentos neste ano".
"Não é um relatório particularmente empolgante e certamente não deve alterar as expectativas de mercado para a política monetária de forma significativa", comentou James Knightley, economista do ING.
Apesar da leitura fraca sobre os aumentos salariais, Knightley acredita que os salários passarão a subir e serão o catalisador para o Fed assumir uma postura mais agressiva quanto à ameaça da inflação.
"Continuamos a esperar mais três aumentos das taxas de juros neste ano, começando em 13 de junho", concluiu.
Os mercados, no entanto, não concordam inteiramente. Enquanto os futuros do Fed têm um aumento na próxima reunião totalmente precificado, com um outro aumento em setembro, as apostas de um terceiro aumento em dezembro permanecem abaixo do limite de 50%, no momento em cerca de 36%.
Isso está destacadamente abaixo da probabilidade de 42% vista antes dos dados divulgados nesta sexta-feira ou as chances de 46% vistas há uma semana, sugerindo que os mercados frearam as apostas de um movimento mais agressivo do Fed.
Dólar de volta à máxima de quatro meses
Seja como for, investidores estavam correndo atrás do dólar nesta sexta-feira após a divulgação do relatório, empurrando a moeda norte-americana de volta para a máxima de quatro meses atingida nesta semana. Às 07h53, o índice dólar, que mede a força da moeda frente a uma cesta ponderada de seis principais divisas, avançava 0,4% para 92,67.
Mesmo que a inflação salarial permaneça moderada, um retrospecto para 2000, quando a taxa de desemprego estava nesses níveis, mostra a leitura anual subindo a incríveis 4,3%.
Investidores de dólar podem concordar com Knightley que o tão esperado aumento da inflação salarial está próximo.