Investing.com - O Ibovespa resistiu à pressão baixista dos mercados internacionais, alarmados pela retórica de guerra de Trump contra a Síria, e marcou o segundo pregão consecutivos de ganhos.
O índice avançou 0,87% para alcançar os 85.245 pontos embalado pela Petrobras (SA:PETR4), que aproveitou os ganhos do petróleo para subir quase 2%. O giro financeiro somou R$ 9,998 bilhões.
Entre os principais destaques do dia ficou a Embraer (SA:EMBR3) com ganhos de 3,97% a R$ 23,29, maior valor em dois anos, com a notícia do Globo de que a Boeing e a brasileira entregaram uma nova proposta ao governo brasileiro para unir as operações. Já a BRF (SA:BRFS3) ganhou 5,3% no maior salto do dia com o sinal de redução nos conflitos na liderança da empresa.
A correção chegou para a Marfrig (SA:MRFG3), que recuou 5,7%, depois de subir quase 40% com a notícia de compra da norte-americana National Beef Packing por US$ 969 milhões. Já a MRV (SA:MRVE3) cedeu 4,3% após apresentar fracos dados operacionais.
Wall Street cede com geopolítica e ata do Fed
O clima negativo imperou nos EUA e os principais índices de NY fecharam no vermelho. O Dow 30 perdeu 0,9%, seguido por queda de 0,5% no S&P 500 e de 0,4% no Nasdaq. A ameaça de Trump de atacar a Síria e a provocação à Rússia pesaram no sentimento dos investidores, além da ata do Fed que mostrou diretores mais otimistas com a economia e mais inclinados para acelerar o ritmo de alta de juros.
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Veja os principais temas do calendário econômico que deverão movimentar o mercado nesta quinta-feira:
Trump provoca Rússia e ameaça Síria
A escalada das tensões geopolíticas na Síria deverá ser acompanhada com atenção pelos investidores internacionais com a expectativa de um iminente ataque norte-americano ao governo de Bashar al-Assad em retaliação ao suposto ataque com gás venenoso.
O presidente dos EUA, Donald Trump, subiu o tom em um tuíte pela manhã e um ataque raro à Rússia, disse para a potência nuclear se preparar, pois os mísseis norte-americanos estavam a caminho da Síria. O governo russo havia alertado que abateria os mísseis e contra-atacaria caso houvesse uma ação militar contra a Síria.
O tema é especialmente espinhoso para o mercado, pois coloca frente a frente as duas maiores potências militares mundiais em uma possível escalada de guerra com resultados difíceis de serem previstos. Se os EUA efetivamente bombardearem a Síria e os russos responderem, o impacto no mercado financeiro será imediato com uma grande fuga dos ativos de risco e o retorno para os porto-seguros como o ouro.
Uma antecipação desse movimento foi vista já no pregão de hoje com as bolsas globais operando em terreno negativo, enquanto o metal precioso alcançou o maior valor desde o final de março, em seu quarto pregão consecutivo de alta.
O presidente Trump é visto como provocador e nem sempre suas ameaças são confirmadas, já que a diplomacia corrige o tom em conversas bilaterais, como foi visto com a Coreia do Norte, a guerra comercial com China e as críticas ao Nafta. Internamente, Trump está no momento de maior tensão desde sua posse com o avanço das investigações alcançando agora seu advogado pessoal.
No tabuleiro da guerra civil síria, outros atores ainda podem provocar impactos, especialmente no petróleo. A commodity alcançou seu maior valor desde o final de 2014 com a ameaça americana à Síria ainda envolver as potências regionais Irã e Arábia Saudita. Os persas são apoiadores de Assad e trabalham em coordenação com a Rússia e milícia xiita libanesa Hezbollah.
Incomodada com o avanço dos iranianos, os sauditas se envolveram em uma guerra contra os houthis, no Iêmen, e em um bloqueio ao Catar, ambos ligados ao Irã. O príncipe-herdeiro, Mohammed bin-Salman, teria confirmado que apoiaria o ataque à Síria, efetuado por uma coalizão que ainda pode envolver França e Reino Unido.
Eleições e varejo no Brasil
Apesar de mais um dia positivo no mercado local, as incertezas em relação ao rumo das eleições segue sendo um dos principais fatores de volatilidade, especialmente após a prisão de Lula, líder nas intenções de voto.
Está prevista para amanhã a divulgação de uma pesquisa de mercado pela Ipsos, que levantará as intenções de votos por candidatos, mas não as publicará. Os dados disponibilizados abrangerão apenas a atuação da Lava Jato e a percepção dos cidadãos sobre a prisão do ex-presidente Lula.
No domingo, saem os dados do Datafolha, que vai avaliar nove cenários eleitorais, com Lula em três deles. Nos outros, é substituído alternadamente pelos petistas Fernando Haddad e Jaques Wagner, além de um cenário sem candidatos do partido. A pesquisa será importante para avaliar a capacidade dos planos B do PT e dos demais candidatos de receber os votos de Lula.
Pela manhã, o IBGE publica o resultado das vendas do varejo relativas à fevereiro e a expectativa do mercado é que o setor tenha crescido 0,8%, leve desaceleração frente aos 0,9% de janeiro. Em 12 meses, a projeção é de aumento de 3,5%, aumento frente aos 3,2% do mês anterior.
Relatório da Opep, desemprego nos EUA e BCs
Com o petróleo batendo recordes de 40 meses com a escalada das tensões no Oriente Médio, a Opep publica nesta quinta-feira seu relatório mensal com as projeções para o mercado.
Nos últimos meses, o cartel vem elevando a expectativa de produção de petróleo nos países que não-membros, com destaque para os Estados Unidos. No início da semana, a agência de energia do país mostrou um salto de 260 mil barris/dia na extração do país entre março e fevereiro, elevando a média para 10,4 milhões de barris/dia.
Sem novidades no campo da geopolítica, o relatório poderá desencadear um movimento de realização na commodity se trouxer um cenário ainda mais pessimista para os preços. A expectativa é que o aumento de produção fora da Opep poderá manter o desequilíbrio entre a oferta e a demanda do mercado global.
Nos EUA, o dia terá a atualização semanal dos dados de seguro-desemprego com expectativa de 231 mil novos pedidos e o discurso do presidente do Federal Reserve de Mineápolis, Neel Kashkari, às 18h.
O Banco Central Europeu publica a ata da sua reunião às 8h30, seguido de discurso de Benoît Coeuré às 9h15. A Zona do Euro também informa a produção industrial de fevereiro às 6h, com a expectativa de avanço mensal para 0,1% e para 3,8% na leitura de 12 meses.