Buenos Aires, 4 dez (EFE).- O governo argentino anunciou nesta quinta-feira que oferecerá o pagamento antecipado e voluntário a preço de mercado do bônus público Boden 2015, que vence somente ano que vem, para evitar especulações sobre um possível descumprimento devido ao litígio com fundos especulativos em Nova York.
O ministro de Economia da Argentina, Axel Kicillof, explicou que a partir de 10 de dezembro será aberto o cancelamento antecipado e voluntário destes títulos da dívida estatal a um valor de US$ 97 para cada US$ 100.
"Que têm os bônus 15 em mãos, poderá vir entre 10 e 12 de dezembro e o governo pagará um preço semelhante ao que têm no mercado", anunciou hoje Kicillof.
O objetivo é "cortar toda especulação e seguir pelo caminho da desalavancagem", explicou o ministro.
Outra opção para os credores será trocar o Boden 2015 pelo título Bonar 24 (emitido para compensar a Repsol pela desapropriação de 51% das ações da YPF e com uma taxa de juros de 8,75%), que terá uma nova emissão no valor de US$ 3 bilhões.
Quem decidir não participar de nenhuma das operações oferecidas continuará a receber os pagamentos dos juros previstos para abril e outubro de 2015, data do cancelamento total.
"Estão tentando pôr em dúvida que a Argentina possa pagar os vencimentos da dívida ano que vem. Vamos cortar toda especulação e dar certeza aos investidores", justificou Kicillof.
O Boden 2015 é um bônus estatal emitido em 2005, com uma taxa de juros de 7%, paga semestralmente, que tem vencimento estabelecido para outubro do ano que vem.
Com o pagamento antecipado, o governo procura conter a especulação com a dívida soberana - já de olho em um 2015 eleitoral e ano em que a Argentina enfrentará grandes vencimentos - por uma possível falta de pagamento causada pelo litígio nos Estados Unidos com um grupo de fundos especulativos.
Os litigantes, que representam 1,3% do total de credores dos bônus colocado em moratória após a crise econômica de 2001, não aceitaram as propostas de reestruturação colocadas por Buenos Aires em 2005 e 2010 e processaram o Estado argentino em Nova York.
A Justiça americana decidiu a favor dos fundos, que reivindicam o pagamento de US$ 1,3 bilhão mais juros, e impediu que alguns credores de títulos reestruturados pudessem cobrar os vencimentos nos Estados Unidos desde junho, o que criou uma situação de falta de pagamento técnico, de acordo com agências qualificadoras internacionais.
A Argentina sustenta que não pode cumprir a decisão porque desencadearia uma inundação de processos dos credores reestruturados (93% do total), devido a uma cláusula nos contratos, que vencem em 31 de dezembro de 2014.