Investing.com - As incertezas políticas continuam como um dos principais riscos de crédito para os principais países da América Latina em 2019. Esta é a avaliação de analistas da empresa de rating S&P durante a apresentação “Credit Conditions Latin America December 2018” nesta segunda-feira (03).
Mudanças de governos no Brasil e no México e a imprevisibilidade de a Argentina manter seu programa de ajustes após a forte desvalorização do peso ante as eleições presidenciais de outubro do ano que vem são as fontes internas de elevação da desconfiança com as economias da região, restringindo o acesso destes países ao mercado internacional de capital.
No plano internacional, os riscos são impulsionados pela continuação do fortalecimento do dólar, a volatilidade do fluxo internacional de capital e moderada possibilidade de choque no preço das commodities - principais produtos da pauta de exportação da região -, contribuindo para a diminuição da entrada de capital estrangeiro nos principais países da região.
Vitória de Bolsonaro traz confiança
No Brasil, a vitória de Jair Bolsonaro (PSL), em outubro, traz um sentimento duplo sobre a economia do país. A plataforma eleitoral de reformas e de ajuste fiscal do capitão reformado trouxe uma maior expectativa de investimento, confirmada com o anúncio dos integrantes da equipe econômica de seu governo, de perfil ortodoxo e reformista.
Houve, consequentemente, um relaxamento dos riscos brasileiros, com queda do risco-país mensurado pelo Credit Default Swaps - espécie de seguro contra calote da dívida de um país -, que chegou a 207 na manhã de segunda-feira, 14 pontos menor em relação à sessão de sexta-feira (30). Outro sinal do aumento do otimismo com a economia brasileira após a eleição foi o terceiro mês seguido de ganhos no Ibovespa, que acumulou alta de 2,38% no mês passado.
Os analistas da S&P, no entanto, alertam para os desafios políticos do novo governo. A instituição acredita em dificuldades na implementação dos objetivos econômicos devido ao seu baixo apoio no Congresso, além da desconfiança na baixa habilidade de negociar as pautas reformistas com os parlamentares.
Os desdobramentos da Operação Lava Jato, que investiga a corrupção de políticos e empresários na Petrobras (SA:PETR4), também podem influenciar na avaliação de crédito do país. Apesar dos alertas, a S&P estima que o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro cresça acima de 2% em 2019.