Por Johan Ahlander
ESTOCOLMO (Reuters) - Um caminhão atropelou uma multidão em uma rua comercial e bateu em uma loja de departamento no centro de Estocolmo nesta sexta-feira, matando quatro pessoas e ferindo outras 15, no que o primeiro-ministro disse ser um aparente ataque terrorista.
A polícia sueca informou ter prendido uma pessoa após circular anteriormente uma imagem de um homem vestindo um agasalho com capuz cinza. A polícia não descartou a possibilidade de haver outros agressores envolvidos.
“Temos uma pessoa que está presa e que pode ter relações com o evento anteriormente hoje em Estocolmo”, disse o porta-voz da polícia, Towe Hagg.
Não houve reivindicação de responsabilidade imediata.
“Me virei e vi um grande caminhão vindo em minha direção. Ele desviava de um lado para o outro. Não parecia estar fora de controle, ele estava tentando atingir pessoas”, disse Glen Foran, um turista australiano na faixa dos 40 anos, à Reuters.
“Ele acertou pessoas, foi terrível. Ele atingiu um carrinho de bebê com uma criança dentro, ele o destruiu”, disse.
“Demorou muito tempo para a polícia chegar aqui. Acho que na visão deles foi rápido, mas pareceu uma eternidade”.
Parte da região central de Estocolmo foi isolada e a área foi esvaziada, incluindo a principal estação de trem. Todo o funcionamento do metrô foi pausado por ordens policiais. Escritórios do governo também foram fechados.
“A Suécia foi atacada. Tudo aponta para o fato de que isto foi um ataque terrorista”, disse a repórteres o primeiro-ministro sueco, Stefan Lofven, durante uma visita ao oeste da Suécia. Ele retornava imediatamente à capital.
Muitos membros dos serviços da polícia e de emergência estavam no local, disse uma testemunha da Reuters que viu policiais colocarem em sacos o que pareciam ser dois corpos. Marcas de pneus com sangue na Drottninggatan (Rua da Rainha) mostravam por onde o caminhão passou.
O caminhão havia sido roubado durante uma entrega de cervejas para um bar de tapas na Drottninggatan, disse o porta-voz da cervejaria Spendrups Brewery, Marten Lyth. Uma pessoa mascarada entrou no caminhão, deu partida e dirigiu.
“Estávamos parados no sinal de trânsito na Drottninggatan e então ouvimos alguns gritos e vimos um caminhão se aproximando”, disse à Reuters uma testemunha que não quis se identificar.
“Então ele foi até uma pilastra na Ahlens City (loja de departamento), onde o capô começou a queimar. Quando ele parou, vimos um homem embaixo do pneu. Foi horrível de ver”, disse o homem, que viu o incidente de seu carro.
A polícia informou que quatro pessoas morreram e 15 outras ficaram feridas. A agência de notícias sueca TT relatou que entre os feridos está o motorista do serviço de entregas, que tentou impedir o roubo do caminhão.
Diversos ataques nos quais caminhões ou carros são jogados contra multidões ocorreram na Europa no ano passado. A Al Qaeda pediu em 2010 que seus seguidores usassem caminhões como armas.
O Estado Islâmico reivindicou responsabilidade por um ataque na cidade francesa de Nice em julho do ano passado, no qual um caminhão matou 86 pessoas que celebravam o Dia da Bastilha, e por um ataque em Berlim em dezembro, no qual um caminhão invadiu um mercado natalino, matando 12 pessoas.
Magnus Ranstorp, chefe de pesquisas de terrorismo da Universidade de Defesa Sueca, disse à Reuters que a abordagem do agressor foi similar aos ataques de Berlim e Nice: “roubar um caminhão, isto aconteceu antes”.
“E este é um modus operandi muito astuto”, disse. “Dirigir até a Ahlens (loja de departamento) e parar... Há uma descida para o metrô a poucos metros de lá, e então você... pode entrar em qualquer trem que quiser e rapidamente desaparecer”.
O rei da Suécia, Carl Gustaf, disse em comunicado: “Nossos pensamentos estão com aqueles que foram afetados e com suas famílias”.
“Um ataque em qualquer um de nossos Estados-membros é um ataque contra todos nós”, disse o chefe-executivo da União Europeia, Jean-Claude Juncker.
Moradores de Estocolmo abriram suas casas e ofereceram caronas para pessoas que não conseguiam ir para casa ou precisavam de um lugar para ficar.
O ataque é o mais recente na região nórdica, após ataque a tiros em 2015 em Copenhagen, na Dinamarca, que matou três pessoas, e o ataque a tiros e bombas do extremista Anders Behring Brivik, da extrema-direita, que matou 77 pessoas na Noruega.
A Suécia não havia sido atingida por um ataque em larga escala, embora em dezembro de 2010 um homem tenha se explodido a poucas centenas de metros do local do ataque com caminhão, em um ataque suicida frustrado.
Em fevereiro, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sugeriu erroneamente que teria ocorrido um incidente de segurança relacionado à imigração na Suécia, para o desconcerto dos suecos.
Autoridades suecas aumentaram o nível de ameaça de segurança nacional para quatro, em uma escala de cinco, em outubro de 2010, mas em março de 2016 abaixaram o nível para três, indicando uma “ameaça elevada”.