Por Philip Blenkinsop
BRUXELAS (Reuters) - A União Europeia está disposta a discutir tarifas automobilísticas, mas não irá remover taxas impostas sobre produtos agrícolas durante conversas comerciais com os Estados Unidos, afirmou a comissária do Comércio do bloco nesta sexta-feira, colocando a UE em uma possível rota de colisão com Washington.
A Comissão Europeia, que coordena as políticas comerciais dos 28 Estados-membros do bloco, publicou nesta sexta-feira dois documentos sobre a negociação, notáveis mais pelo que deixaram de fora, do que pelo que incluíram.
A proposta da União Europeia sobre as tarifas está muito distante da ampla lista de desejos, incluindo abrangente acesso ao mercado agrícola, estabelecida pelo governo do presidente norte-americano, Donald Trump, há uma semana.
“Há muito que não está coberto. Nós não estamos propondo nenhuma negociação com os EUA para reduzir ou eliminar (tarifas) sobre produtos agrícolas”, disse a comissária europeia do Comércio, Cecilia Malmström, durante coletiva de imprensa.
“Essa área foi deixada de fora, como muitos outros tópicos onde seria difícil chegar a um acordo”, afirmou, acrescentando que a União Europeia não pretende retomar as amplas negociações da proposta conhecida como Acordo de Parceria Transatlântica de Comércio e Investimento (TTIP), que levaram milhares de pessoas às ruas da Europa para protestar.
A lista de objetivos dos Estados Unidos, com 17 páginas, começava dizendo que os EUA querem reduzir seu déficit comercial com a União Europeia --que era de 119,6 bilhões de euros em 2017, de acordo com a agência de estatísticas da UE, dos quais quase um terço era relacionado a carros ou peças automobilísticas.
A seção do documento norte-americano sobre agricultura inclui uma referência a compromissos comerciais envolvendo produtos desenvolvidos através de biotecnologias, o que pode incluir carnes tratadas com hormônio, proibidas na Europa, e vegetais geneticamente modificados atualmente utilizados para alimentar o gado europeu, mas não diretamente consumidos por pessoas.
Os dois documentos da UE precisarão ser aprovados por governos do bloco. Um levaria a conversas para remover tarifas sobre bens industriais e o outro poderia permitir o estabelecimento de instalações de testes nos Estados Unidos para liberar produtos para venda na União Europeia e vice e versa.
Qualquer acordo precisaria ser aprovado pelo Parlamento Europeu. O líder de sua comissão comercial, o alemão social-democrata Bernd Lange, disse que o bloco não deveria estar negociando com Washington enquanto tarifas sobre metais estão impostas, e tarifas sobre carros ameaçadas. Um acordo também deveria incluir direitos trabalhistas e padrões ambientais, disse.
((Tradução Redação São Paulo, 5511 56447759)) REUTERS ES