CIDADE DO MÉXICO (Reuters) - Um diretor do Banco Central do México disse em um discurso sobre política monetária nesta segunda-feira que, dados os riscos e a alta incerteza, "é geralmente preferível errar pelo lado da cautela".
Os comentários do diretor Javier Guzman foram feitos no mesmo dia em que a inflação anual para junho subiu mais que o esperado, e apenas dias depois que o banco central disse que poderá elevar mais os juros se as condições inflacionárias se deteriorarem.
Guzman também disse em um discurso em Londres que à medida que os níveis de incerteza aumentam o uso coordenado de instrumentos políticos são uma vantagem. Apesar disso, ele acrescentou que esforços para derrubar a inflação até agora foram "animadores".
"A atividade econômica não foi afetada significativamente pela postura da política monetária", disse ele, de acordo com as transcrições que apresentou no Centro Econômico e Financeiro Europeu e que foram divulgadas pelo Banco do México.
Os cinco membros da diretoria votaram em unanimidade para elevar a taxa de juros do país para uma máxima de mais de nove anos de 7,75 por cento em 21 de junho, na última reunião de política monetária antes de o esquerdista Andres Manuel López Obrador vencer a eleição presidencial de 1º de julho.
Na ata da reunião, publicada na semana passada, todos os integrantes do banco central mexicano avaliaram que a inflação pode esfriar mais lentamente que o esperado devido a choques recentes, e alertaram que podem ter que aumentar os juros de novo se as condições piorarem.
A inflação anual do México, que desacelerou por cinco meses consecutivos, acelerou mais que o esperado em junho devido a um aumento nos preços de energia e combustíveis, disse a agência nacional de estatísticas nesta segunda-feira.
Os preços estão sob pressão devido a uma fraqueza do peso mexicano, iniciada por temores relacionados ao futuro do Acordo de Livre Comércio da América do Norte (NAFTA, na sigla em inglês). Os Estados Unidos, o México e o Canadá estão atualmente em conversas para redesenhar o acordo, que o presidente dos EUA, Donald Trump, ameaça abandonar e diz não ser favorável aos trabalhadores dos EUA.
Guzman disse esperar que "o bom senso vá prevalecer" nas conversas do NAFTA, resultando em um acordo melhor e maior integração norte-americana.