SÃO PAULO (Reuters) - O principal índice da bolsa paulista subiu levemente nesta sexta-feira, mas registrou a maior alta semanal em mais de um ano, em meio ao noticiário político local considerado mais favorável para o mercado e com um maior apetite por ativos de maior risco no exterior.
O Ibovespa fechou em alta de 0,4 por cento, a 65.436 pontos, acumulando ganho de 5 por cento na semana--maior alta semanal desde meados de abril do ano passado. O giro financeiro neste pregão somou 6,2 bilhões de reais.
O bom desempenho da semana veio na esteira de uma série de notícias no front político, com destaque para a aprovação da reforma trabalhista e a condenação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em primeira instância.
"O destaque do mercado não é para o dia de hoje, que teve um noticiário mais tranquilo, dentro do previsto, mas para a semana que foi muito positiva e a gente começou a recuperar as perdas do circuit breaker", disse o analista da Clear Corretora Raphael Figueredo, referindo-se à forte queda ocorrida na esteira da eclosão do escândalo envolvendo o presidente Michel Temer, em meados de maio.
Apesar de esperar que o clima no mercado acionário permaneça favorável na próxima semana, o analista diz que o ritmo de alta deve ser mais lento do que o visto nesta semana. Ele disse que ainda não é possível afirmar se bolsa está perto de recuperar o patamar visto antes da crise política, que surgiu após divulgação de gravação de conversa entre um dos sócios da JBS (SA:JBSS3) e o presidente Michel Temer.
O cenário político tende a ser menos conturbado nas próximas semanas, com recesso no Congresso Nacional.
O plenário da Câmara dos Deputados deixou para 2 de agosto a votação da autorização para que o presidente Michel Temer possa ser julgado pelo Supremo Tribunal Federal por corrupção passiva. Na quinta-feira, o Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara rejeitou o parecer do deputado Serio Zveiter (PMDB-RJ) que recomendava a autorização, e depois aprovou um outro parecer contrário à denúncia de Temer.
DESTAQUES
- MRV (SA:MRVE3) ON subiu 3,28 por cento, liderando as altas do Ibovespa, após informar alta de 11,9 por cento nas vendas líquidas contratadas no segundo trimestre ante igual período do ano passado, enquanto os lançamentos subiram 18,6 por cento no período, a 1,33 bilhão de reais. Segundo analistas do Credit Suisse, os números do período foram positivos e indicam que a construtora de imóveis econômicos caminha para alcançar ou até superar a estimativa do banco para os lançamentos.
- CEMIG (SA:CMIG4) PN avançou 2,16 por cento. No radar estava o acordo fechado pela empresa para transferência de participações societárias detidas nas Transmineiras para a TAESA (SA:TAEE11) cujas units, que não compõem o Ibovespa, recuaram 2,10 por cento.
- PETROBRAS PN ganhou 1,4 por cento e PETROBRAS ON teve valorização de 0,52 por cento, em linha com a alta nos preços do petróleo no mercado internacional.
- VALE PNA subiu 1,39 por cento e VALE ON avançou 1,17 por cento, após as perdas da véspera. No radar estava o anúncio da Emerita Resources, que fechou acordo para comprar o projeto Salobro Zinc no Brasil, com pagamento de 6,5 milhões de dólares. Além disso, Barclays (LON:BARC) e Jefferies elevaram o preço-alvo para os ADRs (recibos de ações nos Estados Unidos) da mineradora.
- ELETROBRAS PNB caiu 5,11 por cento e ELETROBRAS ON perdeu 4,64 por cento, em movimento de ajuste após subir nos dois pregões anteriores e de fortes ganhos vistos na semana passada, na esteira da divulgação do governo de um plano de reforma para o setor elétrico.
(Por Flavia Bohone)