Por Leika Kihara e Sumio Ito
TÓQUIO (Reuters) - O banco central do Japão pode admitir neste mês que a inflação pode ficar abaixo da meta de 2 por cento por mais três anos, segundo fontes, no que seria o mais forte sinal de aceitação de que seu objetivo não pode ser alcançada rapidamente.
A visão pode emergir da reunião de política monetária do Banco do Japão em 30 e 31 de julho, que inclui uma revisão trimestral de suas projeções de longo prazo.
Em vez de aumentar o estímulo para estimular a inflação, o Banco do Japão provavelmente apontará para fatores estruturais que poderiam pesar sobre a inflação por anos, disseram fontes familiarizadas com seu pensamento.
A aceitação de não atingir 2 por cento por até mais três anos provavelmente reforçaria as expectativas do mercado de que o banco central não está nem perto de deixar a política monetária expansionista.
E tal movimento seria o mais recente sinal de que o Banco do Japão está se afastando do experimento do governador Haruhiko Kuroda, lançado em 2013, para erradicar a mentalidade deflacionária do Japão. Isso envolveu uma promessa de aumentar a inflação rapidamente, além de projeções de preços que muitos analistas consideraram otimistas demais.
Uma visão alterada da viabilidade de 2 por cento também ressaltaria a cautela do Banco do Japão em expandir os estímulos, dado o número de opções cada vez menor e o crescente custo de flexibilização prolongada, como prejudicar os lucros dos bancos.
"Pode levar mais tempo do que o esperado para que a inflação atinja a meta do Banco do Japão, já que fatores estruturais podem estar mantendo a inflação e os salários baixos", disse uma das fontes.
"Mas enquanto a economia estiver mantendo o ímpeto para atingir a meta, ele pode seguir com a política", disse a fonte, sob condição de anonimato.