Por Rodrigo Campos
WASHINGTON (Reuters) - O presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, afirmou nesta sexta-feira que não analisa apenas números específicos sobre inflação, ao ser questionado sobre o eventual impacto sobre a política monetária do resultado um pouco abaixo do esperado do IPCA-15 de abril divulgado mais cedo.
Ilan, que participa da reunião do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do Banco Mundial em Washington, acrescentou ainda que a sinalização sobre a política monetária já dada pelo BC não mudou.
"A política monetária no Brasil tem sido estimulativa, tem ajudado a sair da crise", afirmou o presidente a jornalistas.
Pela manhã, foi divulgado que a prévia da inflação oficial do Brasil acelerou um pouco menos do que o esperado e foi ao nível mais baixo para abril em 12 anos, permanecendo bem abaixo do piso da meta oficial e sustentando o espaço para novo corte dos juros básicos pelo BC. [nL1N1RX0G8]
De modo geral, os agentes econômicos precificam que a Selic será reduzida novamente em maio, próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), a 6,25 por cento ao ano, frente à mínima histórica atual de 6,50 por cento.
O próprio BC deixou claro que fará esse movimento, em meio ao cenário de inflação e atividade econômica fracos, mas que em seguida encerrará o ciclo de afrouxamento monetário iniciado em outubro de 2016.
Ilan afirmou ainda que a recuperação da economia é gradual, que a política monetária está fazendo seu papel e que haverá meses em que a atividade vai se mostrar mais forte e, em outros, não.
Em seus documentos mais recentes, o BC avalia que a recuperação da economia é gradual, mas também consistente.
Neste início de ano, dados econômicos brasileiros têm decepcionado, entre eles, a queda inesperada das vendas do varejo e o crescimento aquém do esperado da indústria em fevereiro. Pesquisa Reuters também mostrou que o otimismo sobre as perspectivas econômicas de longo prazo sobre o Brasil está dando sinais de menor força diante do ceticismo em relação ao futuro das reformas estruturais após as eleições deste ano. [nL1N1RT257]
Com isso, as expectativas de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) neste ano perderam força na pesquisa Focus do BC, a 2,76 por cento, frente a 3 por cento poucos meses atrás.
Ilan voltou a afirmar que o cenário internacional é benigno, mas que começa a gerar uma "volatilidade incipiente", mas que o Brasil tem boas condições de balanço de pagamentos para enfrentar eventuais solavancos.
Ele lembrou que o seguro do país também passam por elevadas reservas internacionais e estoques baixos de swaps cambiais, contratos equivalentes à venda futura de dólares e usados para atacar volatilidade no mercado de câmbio.
(Texto de Patrícia Duarte; Edição de Camila Moreira e Iuri Dantas)