SÃO PAULO (Reuters) - O presidente eleito Jair Bolsonaro disse nesta segunda-feira que o comércio com a China poderá até ser ampliado e que, após conversa com o embaixador chinês, ficou claro que o país asiático não quer deixar de fazer negócios com o Brasil.
"Conversa foi muito boa, protocolar num primeiro momento e depois aprofundamos em algumas coisas. Está na cara que a China não quer deixar de fazer comércio conosco e nem nós para com eles", disse Bolsonaro em entrevista à TV Bandeirantes ao comentar o encontro que teve mais cedo com o embaixador chinês no Brasil, Li Jinzhang.
"Não teremos nenhum problema, muito pelo contrário, pode ter certeza que o nosso comércio pode ser até ampliado", afirmou o presidente eleito.
Após investimentos bilionários no Brasil nos últimos anos, empresários chineses estão aguardando sinalizações de Bolsonaro para definir movimentos de investimentos, disse a Câmara Brasil-China à Reuters nesta segunda-feira.
Ao longo da campanha, Bolsonaro demonstrou em diversos momentos que considera que a China quer dominar e controlar importantes setores da economia do Brasil.
"Eu vejo com muita preocupação a possibilidade do Brasil vender terras agricultáveis (para outros países) porque eles vão matar o nosso agronegócio, seja a China, seja o país que for", disse o presidente eleito nesta segunda-feira.
"Todos os países podem comprar no Brasil, agora comprar o Brasil não. Aí é outra história", afirmou o presidente eleito.
DEMARCAÇÃO DE TERRAS INDÍGENAS
Bolsonaro voltou a se posicionar de forma contrária à demarcação de terras indígenas, uma de suas bandeiras de campanha, e afirmou que indígenas precisam ter o direito de escolher o que fazer com as suas terras, inclusive vendê-la.
"No que depender de mim, não temos mais demarcação de terras indígenas no Brasil. Afinal de contas, temos uma área maior do que a região Sudeste demarcada como terra indígena", disse o presidente eleito.
"Ele (indígena) quando tem contato com a civilização, ele vai se amoldando àquela nova maneira de viver, que é bem diferente e melhor do que a dele."
"O índio não pode continuar sendo preso dentro de uma área demarcada como se fosse um animal dentro de um zoológico. O que se pretende fazer? Que o índio tenha liberdade, se quiser vender parte de sua terra, venda, se quiser explorar alguma coisa lá, que explore e ponto final", disse.
(Por Laís Martins)