Por Costas Pitas
LONDRES (Reuters) - A mistura regular incomum de carros esportivos, utilitários fora de estrada e veículos familiares estará presente nesta semana no Salão do Automóvel de Genebra, mas com uma grande diferença em relação aos anos anteriores: eles estarão mais custosos e difíceis de fabricar, e mais caros de comprar.
Se o Reino Unido deixar a União Europeia em 29 de março sem um acordo para organizar o Brexit, todas as previsões sobre o que ocorrerá com o sistema de fabricação just in time sobre o qual a indústria automotiva europeia está baseada, ou acerca do impacto sobre a demanda de veículos por todo o continente, estarão suspensas.
E a situação ainda se tornou mais difícil. Na semana passada, a primeira-ministra britânica, Theresa May, levantou a possibilidade de um curto adiamento para o Brexit, o que pode impactar as provisões feitas pelos fabricantes automotivos para lidar com uma saída sem acordo.
“Estou certo de que falo pela maior parte do país quando digo que queremos apenas terminar isso. Queremos apenas saber onde estamos e resolver logo isso”, disse à Reuters Andy Palmer, presidente-executivo da fabricante de carros esportivos britânica Aston Martin.
A empresa presidida por ele informou que irá gastar até 30 milhões libras (40 milhões de dólares) em preparativos para um Brexit possivelmente desordenado, incluindo o estoque de mais componentes e o eventual fretamente aéreo de autopeças paradas em portos congestionados.
Os riscos são altos. O Reino Unido é o segundo maior mercado de carros e quarto maior fabricante. Isso significa que a interrupção de linhas de suprimento – e as possíveis tarifas de 10 por cento sobre veículos trocados com a União Europeia – terá repercussões sobre toda a indústria.
Com menos de um mês de prazo para o Brexit, Theresa May tenta renegociar com a UE um acordo de retirada que já foi rejeitado pelos parlamentares britânicos.