PARIS (Reuters) - O candidato presidencial francês François Fillon fez um discurso desafiador a milhares de partidários no centro de Paris neste domingo, mas não prometeu lutar contra a pressão de seu partido conservador para ele se afastar da disputar.
Fillon, que chegou a ser o candidato favorito na corrida presidencial, está envolto em um escândalo envolvendo a remuneração de sua esposa, e sua campanha tem passado por sérios problemas desde que se soube que ele pode ser colocado formalmente sob investigação por mal uso de dinheiro público.
Líderes partidários se preparam para uma reunião na segunda-feira para discutir a situação antes do prazo final de 17 de março, quando todos os candidatos presidenciais devem ser formalmente endossados por pelo menos 500 representantes eleitos.
Um graduado político do seu partido, Os Republicanos, disse que diversos pesos pesados da legenda vão emitir um comunicado pedindo para que o ex-primeiro-ministro Alain Juppe o substitua na corrida presidencial.
Enquanto milhares de partidários sacodiam a bandeira tricolores e gritavam para ele ficar, Fillon apareceu para jogar a bola de volta para o seu partido.
"Eu vou continuar a dizer aos meus amigos políticos que a escolha é deles, e também não é deles", disse ele em um discurso de meia hora. "Estou certo de que será toda a escolha da França se pudermos nos reunir em um impulso final."
Algumas pessoas em seu partido já estavam mirando um meio de tirá-lo da disputa.
"Nas próximas horas, vamos propor uma iniciativa", disse a uma emissora de TV Christian Estrosi, um aliado próximo do ex-presidente Nicolas Sarkozy. Segundo ele, isso aconteceria na forma de um comunicado envolvendo nomes graduados do partido.
"Nós não temos tempo para debater quem tem mais talento… a coisa mais fácil a se fazer, obviamente… é escolher a pessoa que ficou em segundo lugar nas primárias, e essa pessoa é Alain Juppe."
Fillon aparecerá no canal France 2 na noite de domingo. Segundo um membro de sua equipe, seria uma oportunidade de "falar com os franceses."
(Reportagem de John Irish e Simon Carraud)