Investing.com - Após a decisão desta quinta-feira do Banco na Inglaterra (BoE, na sigla em inglês), de manter as taxas de juros inalteradas em 0,5%, Mark Carney, dirigente da instituição, observou que seus planos de remoção da política acomodatícia agora provavelmente irão se concretizar antes do esperado e em maior medida do que se pensava previamente.
"Com a economia do mundo se fortalecendo e o crescimento do Reino Unido pouco acima do limite de velocidade da economia, esperamos reduzir um pouco do apoio que fornecemos para que a inflação volte à meta de 2%", explicou Carney.
Taxas de juros provavelmente subirão logo, mas não com mais rapidez
No entanto, o presidente do BoE insistiu que as taxas de juros provavelmente permanecerão "substancialmente mais baixas" de que estavam uma década atrás.
Como parte de seu discurso, Carney citou as atas do Comitê de Política Monetária ao repetir que "o Comitê julga que, caso a economia evolua de forma alinhada às projeções do Relatório de Inflação de Fevereiro, a política monetária precisaria ser endurecida mais cedo de alguma forma e em um grau um pouco maior do que o período previsto em comparação ao que se esperava no momento do Relatório de Novembro para o retorno sustentável da inflação à meta".
Ao ser questionado por jornalistas sobre os detalhes específicos dos aumentos futuros, Carney destacou que o endurecimento poderia "não (ser) mais rápido, mas ocorreria mais cedo e em um grau de um pouco maior".
Ele ainda tentou explicar que não via taxas de juros retornando a níveis de antes da crise. "Não estamos falando sobre retornar a estes níveis. E não estamos falando sobre andar neste ritmo", especificou ele em uma referência à perspectiva de que o endurecimento ocorreria em um "ritmo gradual e de forma limitada".
Em vários pontos do período de perguntas e respostas, Carney repetiu que ele não se "ateria" a detalhes específicos sobre os aumentos futuros dos juros uma vez que eles dependem dos desenvolvimentos econômicos.
Particularmente, Carney se desviou de uma resposta direta a um questionamento se os comentários do mercado após a decisão de quinta-feira apontavam para uma maior probabilidade de um aumento dos juros em maio, insistindo no fato de que a política monetária seria determinada de acordo com os dados.
"Ano crucial para negociações do Brexit"
Ele ainda comentou que este seria um "ano crucial" para negociações do Brexit. Em resumo, ele admitiu que o impacto geral ainda deveria ser visto e poderia ser positivo, negativo ou neutro.
Carney ainda observou que se não houver acordo de transição do Brexit até março, o impacto na política monetária dependeria de como a confiança das famílias e das empresas seria afetada.
Ele também destacou que, com base em ordem de magnitude, as mais importantes decisões que irão afetar as famílias do Reino Unido seriam quanto ao desfecho do Brexit e não em relação às taxas de juros.
O dirigente do BoE deixou claro que as projeções atuais da instituição se baseiam em dois fatores específicos do Brexit que presumiam uma "transição suave" e que levaria a uma "média de resultados potenciais".
Digno de nota, no mais recente Relatório de Inflação, divulgado nesta quinta-feira, o banco central britânico afirmou esperar que a inflação caia para 2,28% em um ano, 2,16% no ano seguinte e para 2,11% no horizonte de três anos.
O BoE também elevou as projeções de crescimento em 2018 para 1,8%, a partir de 1,6% previamente, e indicava crescimento também de 1,8% em 2019, o que se compara à projeção prévia de 1,7%.
Carney concluiu em grande parte o assunto do Brexit ao declarar que está seguro que o BoE irá estar muito bem informado sobre as perspectivas do Brexit até o final do ano e poderá ajustar a política monetária de forma apropriada se houver maiores incertezas.