SÃO PAULO (Reuters) - O presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, afirmou nesta sexta-feira que o cenário internacional é benigno, mas que está começando a mudar, sugerindo ainda que o Brasil continue a caminhar no sentido de aprovar as reformas que ainda faltam.
Ilan repetiu, durante evento em São Paulo, que não se pode "contar com essa situação perpetuamente", ao comentar sobre o cenário internacional positivo.
"O cenário internacional ainda é benigno, mas ele está começando a mudar", afirmou ele, sem entrar em detalhes.
Nos últimos dias, cresceu o temor nos mercados globais de que o Federal Reserve, banco central norte-americano, possa elevar os juros mais vezes neste ano diante de sinais de melhor desempenho da economia dos Estados Unidos e inflação maior.
Juros elevados no país têm potencial para atrair recursos aplicados hoje em praças financeiras consideradas de maior risco, como a brasileira.
Além disso, a cena comercial também tem estado no radar dos investidores no mundo todo, com tensões criadas pelos Estados Unidos e China que alimentaram temores de guerra comercial.
Ilan argumentou, no entanto, que a economia mundial continua forte e lembrou que o Fundo Monetário Internacional (FMI) prevê expansão de cerca de 4 por cento neste ano.
O presidente do BC disse ainda que houve avanços "significativos na agenda de reformas e ajustes", mas que é necessário o país continuar neste caminho para manter a inflação baixa, a queda da taxa de juros estrutural e a recuperação sustentável da economia.
Ilan também apontou que há riscos para o quadro de "recuperação consistente da economia com inflação convergindo em direção às metas".
Em meio a movimentos mais bruscos nos mercados cambiais, Ilan repetiu que o Brasil tem uma posição "confortável" para lidar com esse cenário, lembrando as elevadas reservas internacionais e os baixos estoques de swaps cambiais tradicionais --equivalentes à venda futura de dólares.
"O BC fica monitorando cuidadosamente (o mercado cambial)", acrescentou.
Nesta semana, o dólar chegou a ir acima do patamar de 3,50 reais, o maior em quase dois anos, com temores sobre a política monetária dos Estados Unidos.
(Reportagem de Taís Haupt; Texto de Patrícia Duarte)