Pequim, 5 jul (EFE).- A China insistiu, nesta quinta-feira, que "não quer" a guerra comercial que, de acordo com o previsto, será iniciada amanhã pelos Estados Unidos com a imposição da primeira onda de tarifas a produtos importados chineses, mas que "a China será obrigada a reagir para defender o interesse do país e de seu povo".
"A China reiterou várias vezes que não vai disparar a primeira bala, não vamos aplicar medidas tarifárias antes dos EUA", destacou hoje, em entrevista coletiva, Gao Feng, porta-voz do Ministério do Comércio chinês.
É previsto para amanhã às 0h (hora de Washington, 12h em Pequim) entrar em vigor um conjunto de tarifas de 25% a 818 produtos chineses no valor de US$ 34 bilhões, a maioria do setor industrial e tecnológico.
Estes impostos não afetarão apenas as empresas chinesas, mas também as estrangeiras sediadas no país asiático, alertou o porta-voz, incluindo as americanas.
"Cerca de 59% dos produtos que estarão sujeitos a tarifas, que representam mais de US$ 20 bilhões, são fabricados por empresas estrangeiras na China e, muitas delas são americanas", afirmou Gao.
O porta-voz insistiu que com esta decisão "os EUA estão atacando a cadeia de investimentos de todo o mundo, abrindo fogo contra todos e inclusive disparando em si mesmo".
Por isso, pediu a todos os países que se unam para " ir contra o protecionismo e o unilateralismo de forma contundente " e para defender o interesse de todos os povos.
O Ministério insistiu que "a China não se submeterá a ameaças e chantagens e não hesitará em sua determinação de defender a liberdade do comércio mundial e o multilateralismo".
A China já alertou ao presidente americano, Donald Trump, que se estes encargos forem aplicados, reagirá com tarifas pelo mesmo valor a 545 produtos importados dos EUA, principalmente do setor agrícola - como a soja - e automobilístico.
Em caso execute esta medida como resposta, Washington ameaçou com uma nova remessa de tarifas a outras exportações chinesas que totalizam cerca de US$ 200 bilhões.
Esta atitude, insistiu Gao, vai contra as regras da Organização Mundial de Comércio (OMC), assim como a vontade de impor a lei doméstica acima do regulação internacional.
"Destruir a ordem do comércio e da economia global é algo que todos os membros da OMC podem se opor", afirmou.