(Reuters) - O presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, avaliou que o crescimento global tornou-se mais desigual e as condições financeiras nos mercados emergentes mais apertadas, com um quadro geral ainda benigno, mas que requer uma visão "mais cautelosa".
Em discurso preparado para a plenária do Comitê Monetário e Financeiro Internacional (IMFC, na sigla em inglês) em Bali, na Indonésia, Ilan apontou que, com a normalização das condições monetárias nos Estados Unidos, o sentimento do mercado provavelmente ficará mais nervoso durante um período de transição, em direção a um menor apetite ao risco.
"Condições financeiras mais apertadas e surtos de volatilidade devem ser esperados durante essa mudança para um novo equilíbrio", disse ele, segundo documento divulgado nesta sexta-feira pelo BC.
Ilan também afirmou que as tensões comerciais vigentes alimentam-se da descrença na globalização e podem levar a um menor equilíbrio de crescimento, uma vez que a economia global perde eficiência.
Segundo o presidente do BC, a materialização desses riscos pode levar a uma deterioração nas condições financeiras globais, razão pela qual o Fundo Monetário Internacional (FMI) deve estar bem financiado e preparado para enfrentar a volatilidade internacional. Nesse sentido, Ilan fez um apelo para a comunidade internacional para garantir o financiamento ao FMI através da revisão geral de cotas.
Sobre o Brasil, Ilan reiterou mensagem que já havia divulgado na véspera, de que o país está bem posicionado para resistir a choques em sua economia, citando um robusto balanço de pagamentos, regime de câmbio flutuante, nível adequado de reservas, inflação em níveis baixos e expectativas de inflação bem ancoradas.
(Por Marcela Ayres, em Brasília)