Por Marc Frank
HAVANA (Reuters) - O presidente de Cuba, Raúl Castro, pediu nesta segunda-feira que toda a população da ilha ajude a erradicar os mosquitos que transmitem o Zika vírus, e ordenou a mobilização de 9 mil soldados do Exército para auxiliarem a conter a doença.
Cuba ainda não registrou nenhum caso de Zika, mas o surto está afetando grande parte da América Latina e do Caribe, e é provável que se dissemine para todos os países das Américas, exceto Canadá e Chile, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS).
"É necessário que cada cubano entre nesta luta como uma questão pessoal", escreveu Raúl em uma mensagem nacional para soar o alarme contra o Zika, que é transmitido pelo mosquito Aedes aegypti e suspeito de causar má-formaçã cerebral em recém-nascidos quando infecta gestantes.
Os cubanos devem limpar possíveis focos de procriação do Aedes, disse Raúl, que também é general das Forças Armadas.
"As Forças Armadas Revolucionárias irão mobilizar mais de 9 mil soldados, entre eles oficiais da ativa e reservistas... para os esforços anti-vetor e de limpeza, com o apoio adicional de 200 oficiais da Polícia Nacional Revolucionária", afirmou o presidente.
O Partido Comunista e o governo adotaram um plano de ação sob a direção do Ministério da Saúde para lidar com o Zika que também irá ajudar a combater outras doenças transmitidas por mosquito, como dengue e chikungunya, disse Raúl.
Uma funcionária do ministério, que pediu para não ser identificada por não ter autorização para conversar com os jornalistas, disse que a vasta rede de médicos e clínicas de bairro está de olho no surgimento de sintomas do Zika, e que casos suspeitos serão postos em quarentena em alas hospitalares preparadas para uma eventual epidemia.
"Não temos casos confirmados ainda, mas vamos ter. Até o momento houve dois casos suspeitos que deram resultado negativo", disse a funcionária, que tem acesso em tempo real a dados epidemiológicos.
O governo, que há anos fumiga vizinhanças e casas para conter a dengue, colocou os médicos de sobreaviso para o vírus semanas atrás e intensificou as ações de erradicação dos insetos.
A OMS declarou o surto de Zika uma emergência de saúde pública mundial em 1º de fevereiro, citando uma "forte suspeita" de relação entre a infecção de Zika na gravidez e casos de microcefalia. No entanto, ainda se sabe pouco sobre o Zika, inclusive se o vírus de fato causa microcefalia.