LONDRES (Reuters) - A deterioração de uma década, pós-crise financeira, nas avaliações de crédito de governos parece prestes a acabar em 2018, disse a agência de classificação de risco S&P Global nesta quarta-feira.
Dados da agência mostraram que o número de rebaixamentos foi duas vezes maior que o de elevação de ratings na última década e até agora em 2017.
Os números também revelaram que o rating médio soberano caiu um degrau em todo o mundo nos últimos 10 anos, para 'BBB-' -- última nota dentro do chamado 'grau de investimento' –, mas agora a maré parece estar mudando.
Pela primeira vez desde março de 2008, o balanço das 'perspectivas' para os ratings – que dão um indício da direção de uma avaliação – é positivo, ainda que minimamente.
"Isto sugere que a redução lenta, mas inexorável, das avaliações de créditos soberanos ao longo da última década pode ter fim em 2018", disse o principal analista de créditos soberanos da S&P, Moritz Kraemer.
"Existe o potencial de vermos até uma recuperação muito branda da avaliação média. Neste sentido, 2018 pode ser um ano divisor de águas."
A mudança tem como pano de fundo uma recuperação econômica global que vem sendo alimentada por níveis inéditos de estímulo monetário.
As taxas de juros de muitos dos bancos centrais mais importantes do mundo continuam perto de zero.
Apesar do cenário global mais auspicioso para as avaliações de risco, a S&P alertou que a recuperação deve ser desproporcional.
Kraemer disse que mesmo mudanças pequenas de investidores retornando a ativos de economias avançadas em relação ao seu portfólio total podem ter um impacto relevante em alguns mercados emergentes.
"Tudo o mais continuando igual, pode-se esperar que os créditos soberanos mais ameaçados de uma reversão de fluxo de capital serão aqueles que mostram uma dependência maior de poupanças estrangeiras (e, portanto, de influxos de capital) para financiar seus modelos econômicos."
Analisando um total de seis variáveis diferentes, ele disse que os mais ameaçados de um aperto monetário são, em ordem decrescente, Venezuela, Bahamas, Moçambique, Montenegro, Turquia, Etiópia, Paquistão, Quênia, Omã e Sri Lanka.
Já o Brasil se encontra entre as economias mais resistentes agora, afirmou Kraemer. (Por Marc Jones)