FRANKFURT (Reuters) - A desaceleração do crescimento da zona do euro continua consistente com as projeções recentes, de forma que não exige medidas econômicas como uma resposta do Banco Central Europeu, disse Yves Mersch, membro do conselho do BCE, citado em um jornal eslovaco nesta quarta-feira.
Os dados econômicos têm pressionado o sentimento para o lado negativo nas últimas semanas e os investidores impulsionando suas expectativas de elevação dos juros, apostando que o BCE mais cedo ou mais tarde deve desistir de aumentar os juros das mínimas recordes deste ano.
"O que está acontecendo agora é o que esperávamos que acontecesse", disse Mersch ao jornal eslovaco Hospodárske noviny. "E agora que a desaceleração chegou, não precisamos considerar isso novamente em nossa resposta", disse.
"Os fundamentos não mudaram, mas a incerteza política aumentou", afirmou Mersch, que é considerado "hawkish" no Conselho do BCE.
A orientação do BCE para os mercados é de sustentação das taxas de juros até o verão de 2019 (no hemisfério norte), mas os mercados avaliam uma mudança só em meados de 2020, o que deixa uma grande desconexão entre as expectativas e as próprias orientações do BCE.
Mersch acrescentou que, mesmo que o ciclo de crescimento já tenha passado do pico, a desaceleração não significou uma queda na recessão e que o bloco está apenas observando um ritmo mais modesto de expansão.
Falando sobre a queda recente no crescimento da Alemanha, Mersch disse que grande parte disso foi devido a dificuldades pontuais no setor automobilístico e que o BCE precisava de mais evidências antes de uma resposta com medidas econômicas.
A Alemanha, a maior economia da zona do euro, cresceu apenas 1,5 por cento em 2018, em seu ritmo mais fraco em cinco anos, indicando que as tensões do comércio global já estão pesando sobre o grande setor de exportação.