Por Aluisio Alves
SÃO PAULO (Reuters) - O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) teve em 2017 o quarto ano consecutivo de queda na concessão de empréstimos, refletindo a acentuada queda na demanda das empresas brasileiras por recursos para investimentos, numa economia que começa a emergir da pior recessão da história.
O banco de fomento anunciou nesta terça-feira que seus desembolsos no ano passado somaram 70,75 bilhões de reais, queda de 20 por cento em relação ao ano anterior e o menor nível desde os 65 bilhões de reais de 2007.
"Esse número mostra a magnitude da recessão que tivemos no país", disse a jornalistas o presidente do banco de fomento, Paulo Rabello de Castro.
A forte retração da atividade reflete também a perda de poder de fogo do banco, desde que o governo federal deixou de capitalizar a instituição e passou a cobrar de volta os quase 500 bilhões de reais que injetou na última década.
O BNDES já devolveu 133 bilhões de reais até o ano passado. A previsão é de que outros 130 bilhões voltem neste ano para os cofres do governo, que enfrenta uma crise fiscal.
Segundo Castro, porém, a redução da intensidade da queda em indicadores antecedentes, como os volumes de consultas, de enquadramentos e aprovações no fim do ano passado indicam que os desembolsos devem voltar a crescer em 2018. A expectativa do banco para este ano é desembolsar mais de 90 bilhões de reais.
Como a queda dos desembolsos foi muito acentuada nos últimos anos, mesmo com as devoluções o banco ainda tem alguma folga. Segundo Castro, o BNDES deve ter fechado 2017 com um índice de Basileia ao redor de 26 por cento, mais do que o dobro do piso regulatório de 11 por cento.
Por setores, a indústria teve no ano passado o pior desempenho, com uma queda de 50 por cento na tomada de recursos no banco. O segmento comércio e serviços tomou 21 por cento menos. Na outra ponta, os empréstimos aos setores agropecuário e de infraestutura cresceram 3 e 4 por cento, respectivamente.
O banco também divulgou que seu braço de participações em empresas, o BNDESPar, se desfez de 6,6 bilhões de reais em participações em negócios em 2017, equivalente a 10 por cento da carteira. Segundo Rabello de Castro, o BNDESPar já definiu a venda de outro lote de participações neste ano, dentro da estratégia de passar a ter uma carteira mais pulverizada e com foco em negócios voltados para inovação.