Por Rodrigo Viga Gaier
RIO DE JANEIRO (Reuters) - A projeção do BNDES de desembolsar cerca de 100 bilhões de reais este ano não será alcançada e a tendência é que os empréstimos da instituição de fomento encerrem esse ano entre 80 bilhões e 90 bilhões de reais, disse uma fonte do banco nesta quarta-feira.
De janeiro a novembro desse ano, os empréstimos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social somaram 76,4 bilhões de reais, queda de 35 por cento ante igual período de 2015.
Nos últimos três meses do ano passado, mesmo com a economia brasileira já fragilizada, os financiamentos do BNDES alcançaram cerca de 41 bilhões de reais, sendo que só em dezembro de 2015 atingiram 19,1 bilhões de reais. Os desembolsos do BNDES na época estavam em um ritmo mais acelerado por conta do acesso ao Programa de Sustentação do Investimento (PSI), que foi encerrado ao final de 2015.
Neste ano, os desembolsos do BNDES nos últimos meses têm oscilado entre 6 bilhões e 8 bilhões de reais por mês.
"Que os desembolsos não vão chegar mesmo aos 100 bilhões de reais isso é certo", disse a fonte do banco à Reuters. "Dezembro desse ano deve ser melhor que novembro desse ano. Mas, pelo momento que vivemos agora (...) só fazer as contas e ver" que será algo perto dos 90 bilhões, acrescentou a fonte.
A última vez que os desembolsos do banco ficaram abaixo de 100 bilhões de reais foi em 2008, após a crise financeira internacional. Naquele ano, os empréstimos somaram 90,8 bilhões de reais, segundo dados do BNDES.
O banco vai apresentar em janeiro sua nova política operacional para tentar estimular e facilitar a tomada de empréstimos por parte de empreendedores e investidores.
"A gente confia que essas novas políticas vão dar uma clareza maior sobre as diretrizes do banco. Isso vai clarear mais o horizonte. Mas uma nova política leva um tempo para ter resultado. Os efeitos vem primeiro em consultas, enquadramentos até chegar na liberação dos recursos", afirmou a fonte.
O BNDES anunciou na semana passada uma série de medidas de incentivo a micro, pequenas e médias empresas (MPME), com a expectativa de um incremento de 20 por cento, ou 5,4 bilhões de reais, nos desembolsos para esse segmento em 2017.
Entre as medidas está um programa de refinanciamento de empréstimos concedidos no âmbito do PSI e do Programa Emergencial de Reconstrução (PER), de cidades afetadas por catástrofes naturais.