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Economia brasileira tem vários colchões disponíveis para volatilidade com eleições, diz Ilan

Publicado 13.12.2017, 12:47
© Reuters. Presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, durante entrevista à Reuters em Brasília

Por Marcela Ayres

BRASÍLIA (Reuters) - A economia brasileira está se recuperando e tem vários colchões disponíveis para atravessar qualquer volatilidade futura por conta das eleições, avaliou nesta quarta-feira o presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, defendendo ainda os benefícios para a economia de uma inflação possivelmente abaixo do piso da meta neste ano.

Bastante questionado sobre as eleições presidenciais de 2018, Ilan citou conforto com os atuais níveis da inflação, das reservas internacionais e dos swaps cambiais.

"Começar o ano com inflação abaixo da meta é um colchão. Começar o ano com expectativas ancoradas para todos os anos é um colchão", disse ele, afirmando que não faria comentários sobre a eleição porque a contribuição do BC é de "instituição técnica e neutra".

A respeito da possibilidade de a inflação fechar o ano abaixo de 3 por cento, Ilan defendeu o lado positivo do legado. No último encontro de política monetária, o BC reduziu a projeção de inflação pelo cenário de mercado a 2,9 por cento em 2017, abaixo do piso da meta oficial deste ano --de 4,5 por cento pelo IPCA, com margem de 1,5 ponto percentual para mais ou menos.

"Considero que a inflação ter chegado a 2,9, 2,8 por cento é um grande ativo para a sociedade brasileira. O poder de compra aumentou. Em conjunto, permitiu a queda da taxa de juros a níveis mínimos históricos e contribuiu para a recuperação da economia", disse ele.

Na mais recente pesquisa Focus, feita pelo BC junto a uma centena de economistas, a expectativa para o IPCA neste ano caiu a 2,88 por cento. Se o índice terminar 2017 abaixo de 3 por cento, será a primeira vez desde a criação do regime de metas que a inflação fica abaixo do piso e Ilan terá de justificar o resultado em carta aberta.

O presidente do BC voltou a pontuar que a inflação mais baixa neste ano teve relação com o choque deflacionário dos preços dos alimentos e que a política monetária não deve reagir diretamente ao movimento.

"Não se tenta combater queda de preços de itens que o BC não tem controle tentando subir o preço daqueles que o BC tem controle", afirmou.

Ele também enfatizou que os ajustes e reformas do governo, em particular a da Previdência, são fundamentais para o equilíbrio da economia. A continuidade desse cenário, afirmou Ilan, garantirá trajetória de juros mais baixos.

No início do mês, o BC cortou a Selic em 0,5 ponto percentual, à mínima histórica de 7 por cento ao ano, deixando a porta aberta para nova redução adiante, mas ressalvando que encarará a investida com "cautela".

Isso porque o BC deixou claro que os passos seguintes estão mais sensíveis a eventuais mudanças no cenário de riscos o que, para analistas, foi uma sinalização sobre como será o desfecho da reforma da Previdência.

Durante a coletiva, Ilan fez um balanço da atuação do BC em 2017, que considerou um ano "proveitoso" em termos macroeconômicos. Dentre as ações já divulgadas e que ainda não foram endereçadas pela autoridade monetária, Ilan afirmou que o BC segue estudando projeto para sua autonomia operacional.

Para ele, essa é uma investida que tende a reduzir o prêmio de risco da economia "com custo fiscal nenhum".

© Reuters. Presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, durante entrevista à Reuters em Brasília

Ilan também afirmou que o BC irá trabalhar para diminuir o custo do cartão de débito e fazer estudo sobre níveis estruturais de compulsórios, ambas novidades em relação às medidas apresentadas até então na Agenda BC+.

(Reportagem adicional de Bruno Federowski)

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