PARIS (Reuters) - A Farfetch precificou suas ações acima da faixa indicativa nesta sexta-feira, em uma operação em Nova York que valoriza o varejista de luxo online em mais 5,8 bilhões de dólares e ressalta quão grandes foram as vendas na web para marcas de alta qualidade. O comércio eletrônico está emergindo como um dos maiores impulsionadores do crescimento das marcas de luxo, temerosas inicialmente de diluir sua imagem vendendo online. A Farfetch, com sede em Londres, é um site de 10 anos que conecta compradores a centenas de butiques e grifes de moda, mas não tem estoques. É uma das plataformas de múltiplas marcas em franca expansão que conquistaram uma posição no mercado. Suas ações devem começar a ser negociadas na bolsa de valores de Nova York nesta sexta-feira, depois que a companhia definiu o preço de 20 reais por papel em sua oferta pública inicial (IPO, na sigla em inglês, acima da faixa de 17 a 19 dólares, que já havia sido aumentada. A empresa arrecadará 885 milhões de dólares na listagem, com a companhia emitindo 33,6 milhões de novas ações e os atuais acionistas, incluindo os primeiros patrocinadores, como a Advent Venture Partners e a Vitrurian Partners, vendendo 10,6 milhões. O IPO valoriza a Farfetch, fundada pelo empresário português José Neves, em 5,8 bilhões de dólares, de acordo com a contagem de ações disponível em seus últimos lançamentos. Ao incluir as opções de ações dos funcionários, isso aumentaria para 6,3 bilhões de dólares, disse a empresa. Os investidores existentes da Farfetch incluem a JD.com, a segunda maior empresa de comércio eletrônico da China, que comprou ações extras ao longo da listagem em uma colocação privada. A Farfetch -que nunca teve lucro, mas anunciou um salto de 59 por cento no faturamento no ano passado para 386 milhões de dólares- atraiu investimentos de importantes participantes do setor em seu IPO, como a família Pinault que controla o Kering (PA:PRTP), grupo francês por trás de marcas como a italiana Gucci. Para se destacar da multidão, a plataforma está investindo pesadamente em tecnologia, inclusive para os serviços de lojas digitais que está testando com a francesa Chanel, uma das grandes empresas ligadas à Farfetch. As vendas online devem representar um quarto das receitas da indústria de luxo em 2025, de pouco menos de 10 por cento agora, segundo a consultoria Bain, em parte graças à demanda de jovens compradores em mercados de tecnologia avançada como a China.
(Reportagem de Sarah White)