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ENFOQUE-Levy está conquistando Dilma, mas ainda sofre resistência do Congresso

Publicado 18.03.2015, 17:16
© Reuters. Ministro da Fazenda, Joaquim Levy, fala com a presidente Dilma Rousseff durante cerimônia no Palácio do Planalto em Brasília

Por Alonso Soto

BRASÍLIA (Reuters) - No início do ano, poucos teriam apostado que um economista conhecido como "Chicago Boy" conseguiria conquistar a confiança da presidente Dilma Rousseff.

Mas é precisamente isso que o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, parece estar fazendo.

Depois de dois meses no cargo, Levy, de 54 anos, ficou mais próximo de Dilma e conquistou um lugar em seu círculo íntimo presidencial, enquanto ela tenta tirar a economia do país de uma prolongada desaceleração, disseram fontes do governo à Reuters.

Com o Brasil correndo o risco de perder o grau de investimento, Dilma encampou a iniciativa de Levy de conter os gastos e aumentar impostos na tentativa de restabelecer a credibilidade fiscal.

É uma guinada para a presidente, cujo primeiro mandato foi marcado por gastos descontrolados e uma intervenção pesada na economia –-políticas que os críticos afirmam ter levado o Brasil à beira de sua pior recessão em 25 anos.

Levy não foi a primeira escolha de Dilma para a vaga, mas, para a surpresa de muitos, está ganhando influência em Brasília rápido, aconselha Dilma em questões que vão além da economia e até toma a frente de conversas com o Congresso, disseram três fontes.

"Ela ouve Levy como a poucas pessoas no governo", afirmou um funcionário que trabalhou com ambos. "Ele tem produzido resultados e isso tem aumentado a confiança dela nele."

O que torna a parceria incomum é a divisão ideológica entre os dois.

Levy é um ex-funcionário do Fundo Monetário Internacional (FMI) com Ph.D. em economia da Universidade de Chicago, bem conhecida por seu apoio ao livre mercado e ao liberalismo econômico.

Há tempos ele defende um governo menor –-visão que Dilma repudiou como neoliberalismo implacável em sua campanha à reeleição no ano passado.

Quando Levy atuou como secretário do Tesouro Nacional uma década atrás, seu foco no corte de gastos causou atrito com Dilma, à época ministra da Casa Civil do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

As diferenças ainda são evidentes nas negociações a portas fechadas sobre a dimensão das medidas de austeridade, mas até agora Levy se mostrou persuasivo.

"As visões dele têm prevalecido no final das contas", disse um funcionário do Ministério da Fazenda envolvido nas conversas.

Dilma defende publicamente o aperto fiscal como remédio doloroso para recolocar a economia nos eixos, mas as medidas geraram descontentamento popular e alguns analistas e políticos questionam se a presidente terá disposição para levá-las adiante.

MUDANÇAS POLÍTICAS

Dilma e Levy têm uma fraqueza importante em comum: ambos penam com o cabo de guerra político necessário para fazer as coisas andarem em Brasília, o que pode ameaçar as medidas de austeridade, que enfrentam resistência crescente no Congresso.

"Levy é um tecnocrata, não um político", disse Thiago de Aragão, da consultoria Arko Advice. "Ele não tem experiência política para apresentar essas mensagens duras cuidadosamente."

Trata-se de um risco em um momento no qual Dilma, cujas taxas de aprovação chegaram a um recorde negativo, enfrenta uma revolta do PMDB, maior partido de sua coalizão governamental. [nL2N0WK0EX]

Lideranças do PMDB culpam Dilma por terem sido incluídos nas investigações da Operação Lava Jato, que investiga políticos implicados no escândalo de corrupção na Petrobras , e prometeram se opor às suas pautas no Congresso.

Ainda assim, Dilma tem recorrido cada vez mais a Levy para vender a austeridade aos líderes do Congresso, estratégia que tem dado resultados mistos.

Muitos parlamentares veem Levy com desconfiança, incluindo membros do próprio PT de Dilma, que se opõem ao aperto fiscal e temem que ele possa prejudicar as chances de o partido vencer uma quinta eleição presidencial consecutiva em 2018.

Parlamentares de esquerda se indignaram quando Levy disse que o modelo de concessão de benefícios aos desempregados no Brasil está "completamente ultrapassado". Em declarações mais tarde criticadas por Dilma, Levy também declarou que as desonerações da folha de pagamento no primeiro mandato da presidente foram uma "brincadeira" cara.

Levy, que não quis fazer declarações para essa reportagem, agora só concede entrevistas por e-mail.

"Escolher Levy pode ter gerado alguns pontos para Dilma com o mercado, mas não está conquistando a classe política", afirmou um senador do PT que não quis se identificar. "Ele está cada vez mais isolado em sua iniciativa de austeridade."

Vários outros parlamentares expressaram frustração com Levy, mas nenhum deles quis ser identificado.

BATALHA NO CONGRESSO

Parte do descontentamento veio à tona no início deste mês, quando o presidente do Congresso Nacional, senador Re

Por Alonso Soto

BRASÍLIA (Reuters) - No início do ano, poucos teriam apostado que um economista conhecido como "Chicago Boy" conseguiria conquistar a confiança da presidente Dilma Rousseff.

Mas é precisamente isso que o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, parece estar fazendo.

Depois de dois meses no cargo, Levy, de 54 anos, ficou mais próximo de Dilma e conquistou um lugar em seu círculo íntimo presidencial, enquanto ela tenta tirar a economia do país de uma prolongada desaceleração, disseram fontes do governo à Reuters.

Com o Brasil correndo o risco de perder o grau de investimento, Dilma encampou a iniciativa de Levy de conter os gastos e aumentar impostos na tentativa de restabelecer a credibilidade fiscal.

É uma guinada para a presidente, cujo primeiro mandato foi marcado por gastos descontrolados e uma intervenção pesada na economia –-políticas que os críticos afirmam ter levado o Brasil à beira de sua pior recessão em 25 anos.

Levy não foi a primeira escolha de Dilma para a vaga, mas, para a surpresa de muitos, está ganhando influência em Brasília rápido, aconselha Dilma em questões que vão além da economia e até toma a frente de conversas com o Congresso, disseram três fontes.

"Ela ouve Levy como a poucas pessoas no governo", afirmou um funcionário que trabalhou com ambos. "Ele tem produzido resultados e isso tem aumentado a confiança dela nele."

O que torna a parceria incomum é a divisão ideológica entre os dois.

Levy é um ex-funcionário do Fundo Monetário Internacional (FMI) com Ph.D. em economia da Universidade de Chicago, bem conhecida por seu apoio ao livre mercado e ao liberalismo econômico.

Há tempos ele defende um governo menor –-visão que Dilma repudiou como neoliberalismo implacável em sua campanha à reeleição no ano passado.

Quando Levy atuou como secretário do Tesouro Nacional uma década atrás, seu foco no corte de gastos causou atrito com Dilma, à época ministra da Casa Civil do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

As diferenças ainda são evidentes nas negociações a portas fechadas sobre a dimensão das medidas de austeridade, mas até agora Levy se mostrou persuasivo.

"As visões dele têm prevalecido no final das contas", disse um funcionário do Ministério da Fazenda envolvido nas conversas.

Dilma defende publicamente o aperto fiscal como remédio doloroso para recolocar a economia nos eixos, mas as medidas geraram descontentamento popular e alguns analistas e políticos questionam se a presidente terá disposição para levá-las adiante.

MUDANÇAS POLÍTICAS

Dilma e Levy têm uma fraqueza importante em comum: ambos penam com o cabo de guerra político necessário para fazer as coisas andarem em Brasília, o que pode ameaçar as medidas de austeridade, que enfrentam resistência crescente no Congresso.

"Levy é um tecnocrata, não um político", disse Thiago de Aragão, da consultoria Arko Advice. "Ele não tem experiência política para apresentar essas mensagens duras cuidadosamente."

Trata-se de um risco em um momento no qual Dilma, cujas taxas de aprovação chegaram a um recorde negativo, enfrenta uma revolta do PMDB, maior partido de sua coalizão governamental. [nL2N0WK0EX]

Lideranças do PMDB culpam Dilma por terem sido incluídos nas investigações da Operação Lava Jato, que investiga políticos implicados no escândalo de corrupção na Petrobras , e prometeram se opor às suas pautas no Congresso.

Ainda assim, Dilma tem recorrido cada vez mais a Levy para vender a austeridade aos líderes do Congresso, estratégia que tem dado resultados mistos.

Muitos parlamentares veem Levy com desconfiança, incluindo membros do próprio PT de Dilma, que se opõem ao aperto fiscal e temem que ele possa prejudicar as chances de o partido vencer uma quinta eleição presidencial consecutiva em 2018.

Parlamentares de esquerda se indignaram quando Levy disse que o modelo de concessão de benefícios aos desempregados no Brasil está "completamente ultrapassado". Em declarações mais tarde criticadas por Dilma, Levy também declarou que as desonerações da folha de pagamento no primeiro mandato da presidente foram uma "brincadeira" cara.

Levy, que não quis fazer declarações para essa reportagem, agora só concede entrevistas por e-mail.

"Escolher Levy pode ter gerado alguns pontos para Dilma com o mercado, mas não está conquistando a classe política", afirmou um senador do PT que não quis se identificar. "Ele está cada vez mais isolado em sua iniciativa de austeridade."

Vários outros parlamentares expressaram frustração com Levy, mas nenhum deles quis ser identificado.

BATALHA NO CONGRESSO

Parte do descontentamento veio à tona no início deste mês, quando o presidente do Congresso Nacional, senador Renan Calheiros (PMDB-AL), surpreendeu o Executivo ao rejeitar medida provisória para reduzir desonerações tributárias para vários setores da economia.[nL1N0W60HB]

O revés ocorreu horas antes de o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, pedir ao Supremo Tribunal Federal que iniciasse investigações contra dezenas de congressistas aliados, inclusive Renan, acusados de se beneficiarem de subornos na Petrobras.[nL1N0W603I]

As medidas que aguardam aprovação do Congresso representam metade da meta de superávit primário do governo federal para este ano, de 55,3 bilhões de reais. Os investidores temem que o Congresso impeça os cortes propostos a alguns benefícios a aposentados e desempregados, ações que objetivam proteger as finanças do Brasil.

"Você não consegue fazer o ajuste fiscal completo... sem o Congresso", disse Luka Barbosa, economista do Itaú Unibanco. "Você não pode ficar cortando investimentos para sempre. Precisa que o Congresso mude as regras dos gastos obrigatórios."

Cerca de 90 por cento dos gastos do Brasil são obrigatórios, o que significa que o governo tem pouca margem para fazer cortes sem apoio parlamentar para promover mudanças na Constituição.

© Reuters. Ministro da Fazenda, Joaquim Levy, fala com a presidente Dilma Rousseff durante cerimônia no Palácio do Planalto em Brasília

Dilma, conhecida por decidir os menores detalhes da política econômica, está contando com Levy para fazer esses cortes e tirar o Brasil dos problemas econômicos.

"Levy pode estar errando no fronte das comunicações, mas está no caminho certo no fronte econômico", disse outra autoridade do governo.

(Reportagem adicional de Luciana Otoni)

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