Montevidéu, 2 out (EFE).- Diversos especialistas discutiram nesta terça-feira em Montevidéu sobre a situação econômica da América Latina durante um ato no qual ressaltaram a recuperação do crescimento heterogêneo da região, a estabilidade dos países andinos e as turbulências de Argentina e Brasil.
Embora vários economistas tenham participado do evento, a conferência principal, intitulada "América Latina no entorno global", foi realizada pelo economista-chefe do BBVA (MC:BBVA) Research para a América do Sul, Juan Ruiz.
Ruiz afirmou que na América Latina o crescimento passará de 1,2% em 2017 para 0,8% em 2018 e para 1,9% em 2019.
Além disso, o economista afirmou que existe uma "contraposição" entre a "volatilidade financeira" de Argentina e Brasil e a "solidez" do crescimento de México, Chile, Colômbia e Peru.
No entanto, Ruiz explicou que para compreender a situação da região é preciso "entender o entorno global", o qual descreveu como "robusto", mas com diversos riscos.
"O ritmo de expansão global se mantém, mas menos sincronizado", afirmou o especialista, ao lembrar que o crescimento dos Estados Unidos é "robusto" - devido ao incentivo fiscal -, enquanto o da China é "estável" e o de Europa está diminuindo.
Outros riscos destacados pelo economista foram o maior protecionismo, o aumento da "volatilidade" nos mercados emergentes e a possibilidade de uma "guerra comercial".
No que se refere à América Latina, Ruiz ressaltou a "tensão política da região".
Sobre o Brasil, o economista afirmou que o BBVA não vê "um crescimento muito dinâmico" e que o desenvolvimento do país para o ano que vem será muito marcado pelo partido político que vencer as próximas eleições e as medidas que serão aplicadas pelo futuro presidente.
"O Brasil se recupera gradualmente da crise de 2015 e 2016, mas o crescimento econômico será baixo nos próximos anos, a não ser que o desequilíbrio fiscal se resolva estruturalmente", ressaltou.
Enquanto isso, na Argentina há uma "crise de confiança dos mercados internacionais", mas o recente acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI) "deveria sanar essas dúvidas".
"A seca, a crise cambial e a necessária política monetária e fiscal restritiva vão pesar sobre a atividade econômica em 2018 e 2019. Mas a crise, ao mesmo tempo, vai acelerar a correção do desequilíbrio fiscal e externo, e reduzirá as vulnerabilidades da Argentina", concluiu.