WASHINGTON (Reuters) - Autoridades do México e dos Estados Unidos devem retomar conversas em Washington nesta quinta-feira visando evitar tarifas punitivas sobre produtos mexicanos, à medida que o presidente Donald Trump pede que o México adote mais ações para conter a imigração na fronteira sul dos EUA.
Na quarta-feira, os dois lados se reuniram para discussões comandadas pelo vice-presidente norte-americano, Mike Pence, na tentativa de firmar um acordo que satisfaça Trump --que tem ameaçado com a adoção de tarifas a partir de segunda-feira.
O encontro desta quinta está marcado para as 15h (horário de Brasilia) na Casa Branca, disse uma autoridade da Casa Branca.
"Eles têm que melhorar, e têm que melhorar o suficiente, e talvez o façam. Veremos se conseguimos resolver o problema", disse Trump a repórteres ao deixar a Irlanda para acompanhar as comemorações do 75º aniversário do Dia D na França.
"Estamos tendo uma conversa ótima com o México. Veremos o que acontece, mas algo bastante dramático pode acontecer. Dissemos ao México que as tarifas virão, e falo sério", disse Trump.
Pence disse a repórteres que o Departamento de Estado dos EUA comandará as conversas nesta quinta-feira, mas não deu maiores detalhes.
Autoridades mexicanas intensificaram os esforços para conter o fluxo de imigrantes centro-americanos cruzando a fronteira dos EUA, e soldados, policiais armados e agentes de imigração mexicanos barraram imigrantes ao longo de sua própria fronteira sul com a Guatemala.
Não ficou claro se o endurecimento da reação do México aplacará Trump, que luta para cumprir a promessa feita na campanha presidencial de 2016 de construir um muro na divisa com o México, parte de uma postura linha-dura contra a imigração.
Como os esforços para fazer o México, e depois o Congresso norte-americano, financiar o muro vêm fracassando, Trump ameaçou fechar totalmente a fronteira, mas recuou e se voltou para tarifas punitivas.
Na semana passada, ele disse que o México precisa ser mais rígido para conter o fluxo de imigrantes na fronteira, ou enfrentará tarifas de 5% sobre todas as suas exportações aos EUA a partir de 10 de junho, que serão elevadas a até 25% ainda neste ano.
O anúncio inesperado abalou os mercados financeiros, e até os colegas republicanos de Trump se preocupam com o possível impacto econômico nas empresas e consumidores dos EUA que teriam que absorver os custos.
(Por Roberta Rampton e Lesley Wroughton, em Washington, e Steve Holland, em Shannon, Irlanda; reportagem adicional de Alexandra Alper)