Por Maria Carolina Marcello
BRASÍLIA (Reuters) - O texto da reforma da Previdência aprovado na última semana pela comissão especial da Câmara já contempla demandas de profissionais da segurança pública, disseram ministros e representantes do governo nesta segunda-feira, que lançam mão do argumento para evitar a apresentação de destaques por parte de partidos que apoiam a proposta.
Segundo o ministro da Casa Civil, que passou o dia em reuniões sobre o tema, a ideia é já iniciar a votação do primeiro turno da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) na terça-feira e votar os destaques que a oposição apresentar na quarta.
“Estamos trabalhando para que do nosso lado não haja nenhum destaque”, disse o ministro ao chegar para uma segunda conversa na residência oficial da presidência Câmara dos Deputados, acrescentando que o texto da comissão já “exauriu” os debates sobre regras mais brandas para trabalhadores da segurança pública.
O trunfo utilizado para convencer os que insistem em abrandar as regras para policiais --parte do partido de Jair Bolsonaro, o PSL, entre eles-- será justamente apontar que artigo do texto que saiu da comissão especial já garante integralidade a servidores da área que ingressarem na carreira até a promulgação da PEC.
Lideranças que participaram das conversas na residência oficial do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), nesta segunda chegaram a cobrar publicamente que integrantes do PSL desistissem da ideia de apresentar destaques ou de apoiar qualquer iniciativa da oposição. Nos bastidores, um dos líderes cobrou uma posição mais firme do próprio Bolsonaro, que, identificado com a categoria, chegou a entrar nas negociações quando o texto era discutido na comissão especial.
Segundo Onyx, que estava acompanhado do novo ministro da Secretaria de Governo, general Luiz Eduardo Ramos, o presidente Bolsonaro frisou a necessidade de aprovação da reforma na intenção de destravar a economia e gerar emprego.
Em briefing a jornalistas, o porta-voz da Presidência da República, Otávio Rêgo Barros, disse que Bolsonaro tem suas "percepções" sobre alterações na reforma para beneficiar as forças de segurança e entende as peculiaridades dessas carreiras, mas avalia que nesse momento é de responsabilidade dos deputados fazer ou não alterações na proposta.
Representantes do governo, como a líder no Congresso, deputada Joice Hasselmann (PSL-SP), alimentam a expectativa de votar os dois turnos da PEC em plenário nesta semana. Joice calcula que o plenário possa encerrar a análise da proposta na quinta ou, se necessário, na sexta-feira.
Onyx disse estar “trabalhando” para que a votação se encerre nesta semana. Deputados precisarão apressar o passo e quebrar prazos regimentais caso queiram votar a reforma ainda nesta semana. Na quinta-feira da próxima semana tem início o recesso parlamentar.
Líderes favoráveis à reforma calculam que ela já tem entre 320 e 340 votos.
Também presente na reunião, o líder do PSL, Delegado Waldir (PSL-GO), afirmou que o partido não é problema, é “solução” e defendeu a lealdade da sigla nas votações da reforma.