Por Elizabeth Pineau
PARIS (Reuters) - O ex-presidente da França François Hollande foi interrogado pela polícia francesa no início deste mês na condição de testemunha de uma investigação brasileira sobre corrupção a respeito de um acordo para a compra de caças para a Força Aérea Brasileira (FAB), disse uma fonte próxima do político.
O antecessor de Hollande, Nicolas Sarkozy, se recusou a ser interrogado no mesmo inquérito, segundo o jornal francês Canard Enchaîné, o primeiro a noticiar nesta terça-feira que se solicitou o depoimento dos ex-presidentes no caso.
"O encontro de fato ocorreu", disse a fonte próxima de Hollande a respeito da conversa do ex-líder socialista com a polícia no dia 4 de julho.
Assessores de Sarkozy não responderam a um pedido de comentário.
O caso gira em torno da compra de caças Gripen, da sueca Saab, em 2013, para a FAB quando Dilma Rousseff estava no poder. O avião sueco derrotou o F-18 Super Hornet, da Boeing, e o francês Rafale, produzido pela Dassault Aviation.
Procuradores brasileiros estão investigando se o antecessor de Dilma, Luiz Inácio Lula da Silva, usou sua influência sobre a sucessora para ajudar a proposta da Saab a ser a vencedora da concorrência.
Os elementos franceses derivam das negociações, no final das contas mal-sucedidas, entre o governo brasileiro e os ex-líderes da França para comprar os caças da Dassault nos anos que antecederam o acordo com a Saab.
Hollande e Sarkozy foram instados a depor como parte da defesa de Lula, acrescentou o Canard Enchaîné. Os advogados de Lula disseram que ele não teve participação na compra dos Gripen.
No ano passado, Lula começou a cumprir pena de prisão resultante de uma condenação por corrupção e lavagem de dinheiro no âmbito da operação Lava Jato.
Dilma não está sendo acusada de nenhuma irregularidade no caso da compra dos caças.