Por Luc Cohen e David Lawder
BUENOS AIRES (Reuters) - O Fundo Monetário Internacional (FMI) alertou líderes econômicos mundiais neste sábado que uma recente onda de tarifas comerciais prejudicará significativamente o crescimento global, um dia após o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ter ameaçado uma escalada ainda maior em uma disputa com a China.
A diretora-gerente do FMI, Christine Lagarde, afirmou que apresentaria a ministros das Finanças e a presidentes de bancos centrais um relatório detalhando os impactos das restrições já anunciadas no comércio global em reunião do G20, em Buenos Aires.
"Isso certamente indica o impacto que isso pode ter no PIB (Produto Interno Bruto), que, na pior das hipóteses, sob medidas atuais ... está na faixa de 0,5 por cento do PIB em uma base global ", disse Lagarde em uma coletiva de imprensa conjunta com o ministro do Tesouro argentino, Nicolas Dujovne.
Na nota informativa preparada para os ministros do G20, o FMI afirmou que o crescimento global pode atingir 3,9 por cento em 2018 e 2019, enquanto os riscos negativos aumentaram devido ao crescente conflito comercial.
A advertência veio logo depois que a principal autoridade econômica dos EUA, o secretário do Tesouro, Steven Mnuchin, disse a repórteres na capital argentina que ainda não havia nenhum efeito "macroeconômico" sobre a maior economia do mundo.
Tensões comerciais de longa duração explodiram nos últimos meses, com os Estados Unidos e a China anunciando tarifas de 34 bilhões de dólares sobre bens um do outro.
A reunião de fim de semana em Buenos Aires acontece em meio a uma dramática escalada na retórica de ambos os lados. Na sexta-feira, Trump ameaçou tarifas sobre todos os 500 bilhões de dólares em exportações chinesas para os Estados Unidos.
Mnuchin tentará reunir aliados do G7 neste fim de semana para se juntarem aos Estados Unidos em uma ação mais agressiva contra a China, mas eles podem relutar em cooperar devido às tarifas dos EUA sobre importações de aço e alumínio da União Europeia e do Canadá, que levaram a medidas de retaliação.
A última reunião financeira do G20 em Buenos Aires no final de março terminou com nenhum acordo firme dos ministros sobre política comercial, com apenas um compromisso de "aprofundar o diálogo".
O ministro das Finanças da Alemanha, Olaf Scholz, disse que usaria a reunião para defender um sistema de comércio baseado em regras, mas que as expectativas eram baixas.
"Eu não espero que um progresso tangível seja feito nesta reunião", disse Scholz a repórteres no avião para Buenos Aires.