Washington, 16 jul (EFE).- O Fundo Monetário Internacional (FMI) manteve nesta segunda-feira suas previsões de crescimento econômico mundial em 3,9%, tanto para este ano como para 2019, os mesmos números que calculava em abril, apesar da escalada na tensão comercial dos últimos meses, que constitui a maior ameaça a curto prazo.
Em seu relatório sobre as perspectivas econômicas mundiais, publicado hoje, o FMI indica que sua previsão de 3,9% representa uma notável melhoria em relação aos 3,7% de crescimento mundial de 2017 e aos 3,2 em 2016, com uma expansão que parece ter alcançado o seu ponto máximo em algumas das principais economias mundiais, mas que o crescimento atual se mostra menos "sincronizado".
"Entre as economias emergentes e em desenvolvimento, as perspectivas de crescimento também são cada vez mais desiguais. As projeções de crescimento foram revisadas em baixa para Argentina, Brasil e Índia", acrescenta o relatório.
O FMI, que continua projetando um crescimento de 2,9% para os Estados Unidos neste ano e de 2,7% para 2019, afirma, no entanto, que a expansão econômica mundial se apresenta "cada vez menos uniforme", com um aumento dos riscos.
"Em geral, para as economias avançadas o crescimento continua sendo forte, mas desacelerou em muitas delas, incluindo os países da zona do euro, Japão e Reino Unido", disse na apresentação do relatório o economista-chefe do FMI, Maury Obstfeld.
Para a América Latina, a projeção é de um "modesto" aumento do crescimento de 1,3% em 2017 para 1,6% este ano, quatro décimos a menos do foi previsto em abril, mas para 2019 espera que o desenvolvimento seja de 2,6% (0,2% a menos).
No relatório, o FMI prevê que a economia americana "se fortalecerá temporariamente" a curto prazo, principalmente graças ao "considerável" incentivo fiscal aprovado em dezembro pelo Congresso, uma taxa de desemprego a níveis mínimos históricos, atualmente 4%, e uma demanda privada "já robusta".
"O PIB dos EUA continua crescendo rápido e a geração de emprego continua sendo sólida, impulsionada em grande parte pelos recentes cortes de impostos e o aumento do gasto público", afirmou Obstfeld na apresentação do relatório.
O FMI destaca que o dólar se valorizou cerca de 5% nas últimas semanas, prevê que as importações dos EUA subirão com uma demanda doméstica "mais forte", o que aumentará o déficit comercial do país, e "ampliará o excesso de desequilíbrios mundiais".
No entanto, Obstfeld afirmou que o crescimento nos EUA "desacelerará nos próximos anos", à medida que a longa recuperação cíclica seguir seu curso e diminuírem os efeitos do incentivo fiscal temporário.
Apesar de manter as previsões de crescimento, o FMI alerta que a recente imposição de tarifas por parte dos EUA e as represálias de seus parceiros comerciais "aumentaram a probabilidade de uma escalada comercial sustentada".
Esta situação, segundo os analistas do FMI, "poderia descarrilar a recuperação e reduzir as perspectivas de crescimento a médio prazo", tanto através do seu impacto direto sobre a alocação de recursos e a produtividade, como aumentando a incerteza e afetando o investimento.
A respeito, Obstfeld considerou que os atuais atritos comerciais são "a maior ameaça a curto prazo para o crescimento mundial", já que "terão efeitos adversos sobre a confiança, os preços dos ativos e o investimento".
O ritmo de crescimento da economia dos EUA foi moderado no primeiro trimestre de 2018 até um ritmo anual de 2%, com um arrefecimento da despesa dos consumidores nivelados pelo sólido investimento das companhias, segundo os dados do governo.