Por Andrea Shalal
WASHINGTON (Reuters) - O Fundo Monetário Internacional (FMI) cortou nesta terça-feira sua estimativa para o crescimento global neste ano e no próximo, alertando que mais tarifas entre Estados Unidos e China, taxas sobre automóveis ou um Brexit desordenado podem desacelerar ainda mais o crescimento, enfraquecer investimentos e prejudicar cadeias de fornecimento.
O FMI disse que os riscos baixistas se intensificaram e agora espera um crescimento global de 3,2% em 2019 e 3,5% em 2020, uma queda de 0,1 ponto percentual para os dois anos na comparação com sua projeção de abril, e o quarto corte desde outubro.
O Fundo disse que dados econômicos divulgados até agora neste ano e inflação em geral fraca apontam para atividade global mais fraca que o esperado, com tensões comerciais e tecnológicas e crescentes pressões desinflacionárias representando riscos futuros.
O Fundo cortou sua previsão de crescimento do comércio global em 0,9 ponto percentual, para 2,5% em 2019. O comércio deve se recuperar e crescer em 3,7% em 2020, cerca de 0,2 ponto percentual a menos do que o projetado inicialmente. O crescimento do volume de comércio caiu para cerca de 0,5% no primeiro trimestre, disse o FMI, com a desaceleração atingindo principalmente países asiáticos emergentes.
"O principal fator de risco à economia global é que desdobramentos adversos -- incluindo tarifas adicionais entre EUA e China, tarifas de automóveis dos EUA, ou um Brexit sem acordo -- minam a confiança, enfraquecem o investimento, deslocam cadeias globais de fornecimento e desaceleram severamente o crescimento global para abaixo do cenário básico", disse o FMI.
Fracas perspectivas comerciais estavam criando obstáculos para investimento, e o sentimento empresarial estava particularmente pessimista sobre novos pedidos, embora o sentimento no setor de serviços tenha se mostrado resiliente, impulsionando empregos e confiança do consumidor.
Outros riscos, incluindo tensões no Golfo Pérsico, ganharam força nos últimos meses, e conflitos civis em muitos países levantaram o espectro de "custos humanitários horríveis, pressões migratórias... e volatilidade elevada nos mercados de commodities."
O FMI disse que o crescimento foi melhor que o esperado em economias avançadas como os EUA, e fatores pontuais que abalaram o crescimento na zona do euro estavam se dissipando, conforme esperado.
O Fundo elevou sua previsão de crescimento da economia dos EUA a 2,6% em 2019, mas manteve sua projeção de crescimento para 2020 em 1,9%.
Também aumentou a projeção de crescimento para a zona do euro a 1,6% em 2020, mantendo a previsão para 2019 em 1,3%.
O aumento das tarifas dos EUA e o enfraquecimento da demanda externa pressionam a economia da China, que já está no meio de uma desaceleração estrutural. A expectativa agora é de que a China cresça 6,2% em 2019 e 6,0% em 2020, queda de 0,1 ponto para cada ano, disse o FMI.