Taxas futuras recuam com impasse comercial entre Brasil e EUA e falas de Galípolo no radar
Investing.com – Os índices futuros das ações nos Estados Unidos operavam em alta nesta segunda-feira, em uma semana marcada por indicadores econômicos que podem influenciar a trajetória dos juros nos próximos meses.
O entusiasmo com a inteligência artificial continua no centro das atenções, sustentando o Nasdaq Composite, que atingiu novo recorde de fechamento na semana passada. Entre os destaques, a Nvidia (NASDAQ:NVDA) teria concordado em repassar ao governo norte-americano parte da receita obtida com vendas na China.
No Brasil, os investidores poderão avaliar mais projeções do mercado para nossa economia, com a divulgação do boletim Focus.
1. Futuros dos EUA em alta
Às 7h30 de Brasília, o futuro do Dow Jones avançava 108 pontos (+0,2%), o do S&P 500 subia 12 pontos (+0,2%) e o do Nasdaq 100 ganhava 37 pontos (+0,2%).
O Nasdaq Composite, de perfil fortemente tecnológico, fechou na última sessão em nova máxima histórica, acompanhado por ganhos de outros índices relevantes. O movimento foi impulsionado por um rali da Apple (NASDAQ:AAPL), que valorizou mais de 13% na semana passada — maior avanço semanal desde 2020 — apoiada, em parte, pela expectativa de que seu compromisso de ampliar investimentos nos EUA permita mitigar os efeitos das tarifas amplas impostas pelo presidente Donald Trump. Os setores de tecnologia e serviços de comunicação do S&P 500 também encerraram em patamares recordes.
As apostas de que sinais recentes de desaquecimento no mercado de trabalho norte-americano levem o Federal Reserve a cortar juros em setembro deram suporte adicional às ações.
2. Nvidia aceita compartilhar parte da receita com governo dos EUA, dizem relatos
Segundo reportagens, a Nvidia teria concordado em destinar 15% da receita obtida com vendas de inteligência artificial na China ao governo dos EUA. Fontes citadas pela imprensa afirmam que o CEO Jensen Huang se reuniu com Trump na Casa Branca na semana passada e fechou o acordo.
A Advanced Micro Devices (NASDAQ:AMD) teria aceitado condições semelhantes. Após o encontro, a Nvidia recebeu licenças do Departamento de Comércio para comercializar no mercado chinês seu chip H20 especializado em IA, ainda que a autorização inicial tivesse sido anunciada pela Casa Branca um mês antes.
3. Indicadores econômicos no radar
O índice de preços ao consumidor de julho será divulgado na terça-feira. Na quinta, sai o índice de preços ao produtor para demanda final, e na sexta, as vendas no varejo e a pesquisa de sentimento do consumidor.
Junto ao mercado de trabalho, a inflação é componente central do mandato duplo do Federal Reserve. A leitura fraca de geração de empregos em julho, somada a revisões negativas para junho e maio, reforçou a percepção de enfraquecimento econômico e elevou as apostas em cortes de juros para estimular atividade. Por outro lado, a inflação segue acima da meta de 2%, o que mantém preocupações sobre novos estímulos monetários reacenderem pressões inflacionárias.
4. Bowman do Fed defende redução dos juros
Embora o banco central mantenha postura de cautela, cresce a abertura entre dirigentes para cortes já no curto prazo. Dois formuladores de política monetária discordaram da maioria na reunião de julho e defenderam reduções.
Entre eles, a diretora Michelle Bowman reiterou no sábado que o último relatório de empregos acentuou sua preocupação com a saúde do mercado de trabalho, avaliando que a fragilidade na geração de vagas supera riscos de alta de preços.
Os comentários ocorrem em meio à pressão recorrente de Trump para cortes rápidos nos juros, o que tem colocado o presidente do Fed, Jerome Powell, no centro das críticas e levantado discussões sobre a independência da instituição.
5. Projeções econômicas no Brasil
No calendário econômico local, os investidores direcionam suas atenções para novas projeções do mercado para importantes indicadores da nossa economia, segundo o boletim Focus, do banco central.
No último relatório, economistas consultados pelo BC reduziram pela décima semana consecutiva a projeção de inflação para 2025, de 5,09% para 5,07%, mantendo a expectativa de retorno à meta apenas em 2026, cuja estimativa também foi ligeiramente ajustada para 4,43%.
As projeções para a Selic indicavam estabilidade em 15% ao fim deste ano e recuo para 12,5% no fim de 2026, após a autoridade monetária encerrar o ciclo de alta de juros e sinalizar manutenção prolongada da taxa, em meio a incertezas geradas pelas tarifas de 50% impostas pelos EUA sobre a maioria dos produtos brasileiros.
O mercado também reduziu na semana passada a estimativa de superávit comercial de 2025 para US$ 65,25 bilhões e elevou a de 2026 para US$ 70,79 bilhões, enquanto manteve o PIB em 2,23% neste ano e revisou para baixo a projeção de 2026, para 1,88%.
Nesta semana, teremos a divulgação do IPCA de julho na terça-feira, que pode reforçar a postura cautelosa do banco central com a inflação acima da meta, além de dados de vendas no varejo e do setor de serviços, na quarta e quinta-feira, respectivamente.
No calendário de balanços, teremos os últimos números trimestrais de Sabesp (BVMF:SBSP3), Natura (BVMF:NATU3), BTG Pactual (BVMF:BPAC11), Banco do Brasil (BVMF:BBAS3), MRV (BVMF:MRVE3), BRF (BVMF:BRFS3), Nubank (BVMF:ROXO34), Azul (BVMF:AZUL4), Gol (BVMF:GOLL54) entre outras empresas. Clique aqui e confira todos os resultados corporativos.