BRASÍLIA (Reuters) - O governo central (Tesouro, Banco Central e Previdência Social) registrou superávit primário de 10,086 bilhões de reais em abril, quase 40 por cento menor em relação ao resultado obtido igual mês do ano passado, em mais um mês marcado por forte expansão de gasto público, conforme informações apresentadas nesta quinta-feira pelo Tesouro Nacional.
No acumulado do ano até o mês passado, a economia feita para o pagamento de juros estava positiva em 14,593 bilhões de reais, 50,9 por cento inferior ao superávit primário registrado no primeiro quadrimestre do ano passado.
A meta de superávit primário de 2015 para o setor público consolidado é de 66,3 bilhões de reais, equivalente a 1,1 por cento do Produto Interno Bruto (PIB). Desse total, o governo central responde por 55,3 bilhões de reais.
O resultado fiscal de abril foi obtido por meio de um superávit do Tesouro Nacional de 13,276 bilhões de reais, enquanto Previdência Social e Banco Central tiveram as contas negativas em 3,112 bilhões de reais e 78,4 milhões de reais, respectivamente.
No mês passado, a receita líquida do governo central somou 99,198 bilhões de reais, 3,3 por cento acima do verificado em abril de 2014.
Já a despesa cresceu mais, atingindo 89,112 bilhões de reais, 12,2 por cento maior em relação a abril do ano passado, influenciada por gastos elevados com o pagamento de benefícios trabalhistas, subsídios e subvenções e despesas com o custeio da máquina pública.
O maior avanço da despesa em relação à receita mantém acesa a luz amarela sobre a capacidade do governo em cumprir a meta de superávit.
Para atingir o alvo, o governo coloca em prática um forte ajuste das contas públicas formado por propostas de mudanças em alguns gastos obrigatórios, reversão de desonerações e recomposição de tributos.
Em um importante avanço, o Congresso Nacional aprovou nesta semana as medidas provisórias 664 e 665 que alteram regras de acesso a benefícios previdenciários e trabalhistas, mas com modificações que reduzem o impacto originalmente esperado.
Em mais um reforço para o reequilíbrio das contas, o governo anunciou contingenciamento de gasto público de 69,950 bilhões de reais na última sexta-feira e elevou a 20 por cento ante 15 por cento a CSLL de instituições financeiras.
Ainda assim, a equipe econômica continua dizendo que a receita pública segue fraca e que novas medidas podem ser necessárias.
(Por Luciana Otoni)