Por Giuseppe Fonte e Steve Scherer
ROMA (Reuters) - O governo da Itália afirmou nesta quarta-feira que não vai voltar atrás com os planos de aumentar o déficit orçamentário, indo ainda mais contra o mercado financeiro e a pressão da União Europeia e descartando as críticas da agência orçamentária do Parlamento.
Na terça-feira, a agência se recusou a validar o plano orçamentário para vários anos, que levou investidores nervosos a se deslocarem em massa da dívida soberana da Itália, dizendo que as projeções para o crescimento econômico são otimistas demais.
Mas o ministro da Economia, Giovanni Tria, esforçando-se para impor suas visões como uma influência moderadora sobre questões fiscais dentro do gabinete, disse que o governo considera apropriado confirmar essas projeções.
"A alta dos rendimentos nos títulos estatais registrada nos últimos dias é certamente preocupante, mas quero repetir que é uma reação excessiva que não é justificada pelos fundamentos econômicos da Itália", disse Tria ao Parlamento pelo segundo dia seguido.
Ele disse que o déficit será de 22 bilhões de euros no próximo ano com o orçamento incluindo 15 bilhões de euros em cortes e receita extra, para cobrir 37 bilhões no total de gastos adicionais descrito no plano.
O governo, que assumiu em junho, determinou o déficit do próximo ano em 2,4 por cento do Produto Interno Bruto (PIB), três vezes o previsto pela administração anterior.
O crescimento econômico é estimado em 1,5 por cento no próximo ano, 1,6 por cento em 2020 e 1,4 por cento em 2021. A opinião do escritório de orçamento do Parlamento não é vinculativa, mas a sua rejeição das projeções de crescimento forçou Tria a retornar ao Parlamento para explicações.
(Reportagem adicional de Giselda Vagnoni, Giulia Segreti, Angelo Amante e Stefano Bernavei)