Por Nicolás Misculin e Jorge Otaola
BUENOS AIRES (Reuters) - Uma greve geral de 24 horas em protesto contra o ajuste promovido pelo presidente Mauricio Macri paralisou nesta terça-feira os principais setores da Argentina, como transporte, bancos e exportações de grãos, em meio à grave crise econômica que vem atingindo o país.
O protesto iniciado pela Confederação Geral do Trabalho (CGT), a principal central sindical do país sul-americano, busca que o governo promova aumentos salariais que compensem a inflação, que deve ultrapassar 40 por cento em 2018, e também que suspenda as demissões no setor público, entre outros aspectos.
A CGT, e outros grupos sindicais que aderiram à greve, protestam também contra a política de endividamento do governo, que está negociando um novo acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI) para ampliar uma linha de crédito de 50 bilhões de dólares acordada em junho, para superar a instabilidade cambial.
O acordo entre a Argentina e o FMI deve ser fechado nos próximos dias.
"Não são os dirigentes, é o povo que está dizendo 'basta'", afirmou o líder do poderoso sindicato dos caminhoneiros, Hugo Moyano, em entrevista coletiva.
Geralmente lotadas por engarrafamentos, as ruas de Buenos Aires registravam tráfego pequeno e, no centro da cidade, as buzinas e os ruídos do motor deram lugar ao silêncio.
Na região de Rosário, onde está localizado o maior polo agro-exportador da Argentina, os embarques de grãos e derivados foram interrompidos pelo protesto dos trabalhadores.
"A atividade dos portos (na área de Rosario) é zero, não há carga ou descarga de navios", disse Guillermo Wade, gerente da Câmara de Atividades Portuárias e Marítimas.
Apesar de realizarem operações, espera-se um dia com pouca atividade nos mercados financeiros já que os bancários também se comprometeram com a greve. A renúncia do presidente do banco central, Luis Caputo, anunciada nesta terça-feira também afetará os mercados.
Docentes e funcionários públicos se uniram a uma greve iniciada por alguns sindicatos 12 horas antes, na segunda-feira.
A turbulência financeira, gerada pela desvalorização do peso argentino em 50 por cento de seu valor até agora este ano, alimentou uma inflação já alta e paralisou a atividade econômica, o que levou a um aumento do desemprego e a uma profunda perda do poder de compra da população.
Nesta terça-feira, a renúncia do titular do banco central voltou a gerar incertezas e a pressionar o peso contra o dólar.