SÃO PAULO (Reuters) - O presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, afirmou nesta segunda-feira que o impacto da greve dos caminhoneiros na inflação será temporário, indicando ainda que não afetará o andamento da atual política monetária.
"O que importa para o Banco Central é o que vai acontecer com a inflação ao longo do ano, o que vai acontecer no ano que vem", afirmou Ilan durante evento em São Paulo.
"Esses choques muito do dia a dia não são algo que influenciam a política monetária. A política monetária é muito mais resiliente, ela olha muito mais para a inflação do ano, do ano que vem. É uma coisa muito mais de ano do que de dias", acrescentou.
Na noite passada, o presidente Michel Temer anunciou redução do preço do diesel em 46 centavos de real por litro por 60 dias, em atendimento às reivindicações dos caminhoneiros. Mesmo assim, a categoria mantinha a paralisação que tem provocado desabastecimento em todo o país e, consequentemente, muitos aumentos de preços de produtos.
Neste mês, o BC pegou de surpresa os agentes econômicos ao decidir manter a Selic em 6,50 por cento ao ano, citando as turbulências externas --que levaram o dólar saltar para acima do patamar de 3,70 reais-- como fator que levará a inflação de volta para a meta oficial.
A autoridade monetária deixou claro ainda que não pretende mexer na taxa básica de juros tão cedo.
Ilan disse ainda que o BC continuará atuando no mercado de câmbio, para reduzir volatilidade, por meio dos leilões de swaps cambiais tradicionais, equivalentes à venda futura de dólares.
O presidente do BC repetiu ainda que o cenário externo, desde a reunião de março do Comitê de Política Monetária (Copom), tornou-se mais desafiador e apresentou volatilidade e que seus choques "devem ser combatidos apenas no impacto secundário que poderão ter na inflação prospectiva".
Ilan disse ainda que os últimos indicadores de atividade econômica mostram arrefecimento, mas num "contexto de recuperação consistente, mas gradual".
"Trabalhando com serenidade num ambiente de inflação e juros básicos baixos, tenho certeza que vamos avançar consideravelmente", acrescentou ele.
(Reportagem de Taís Haupt; Texto de Patrícia Duarte; Edição de Camila Moreira e Claudia Violante)