Por Stefani Inouye
SÃO PAULO (Reuters) - O ministro da Economia, Paulo Guedes, disse nesta quinta-feira acreditar que a reforma da Previdência será aprovada na Câmara antes do próximo recesso parlamentar --que começa em 18 de julho-- e acrescentou que o processo favorece a queda dos juros.
"A economia brasileira é uma baleia ferida que foi arpoada várias vezes, sangrou, sangrou e parou. Mas ela é resiliente e forte, se você começar a tirar os arpões, ela começa a mexer de novo, e é o que vamos fazer", disse Guedes em evento da XP Investimentos em São Paulo.
"Se você tira o arpão dos juros, os juros devem descer", acrescentou o ministro. "Os juros futuros já estão mostrando que, se sair a reforma da Previdência, vão cair."
As declarações, recebidas com aplausos da plateia, foram feitas pouco depois de a comissão especial da Câmara que analisa a reforma concluir a aprovação do texto-base do projeto do governo.
Para o ministro, a proposta de reforma previdenciária enviada pelo governo ao Legislativo é forte o suficiente para garantir economia de até 3 trilhões de reais ao longo de 20 anos.
O primeiro objetivo com a reforma é reestruturar o sistema previdenciário, para depois mirar o regime de capitalização, disse Guedes. Ele reiterou que, com as regras atuais, a Previdência do país é "insustentável".
Guedes voltou a criticar o excesso de gastos, o que para ele sempre foi uma disfunção da economia brasileira, afirmando ser necessário atacar "esse vilão" para mudar a trajetória "sombria" das contas públicas.
SEGUNDO SEMESTRE
No segundo semestre, vencida a etapa da Previdência, o governo terá dois eixos principais de ação: a reforma tributária e o pacto federativo.
A ideia, segundo Guedes, é promover uma simplificação e uma redução dos tributos em reforma que começará a tramitar na Câmara.
Ele disse considerar positivo que os deputados estejam dispostos a debater uma proposta tributária própria, com origem no Legislativo, e afirmou que a tendência é que os projetos convirjam à frente.
Sobre o pacto federativo, Guedes disse que ele começará a ser negociado com o Senado. O objetivo, de acordo com o ministro, é dar força a Estados e municípios, o que contribuiria para fortalecer "a União como um todo".
O ministro sinalizou que esse processo passa pela repartição dos recursos do pré-sal e afirmou que o país tem o desafio de explorar suas reservas de petróleo "nos próximos 15, 20, 30 anos" antes que os preços caiam por causa do avanço do carro elétrico.
"Nosso desafio é tirar isso do chão o mais rápido possível e transformar isso em educação", afirmou. "O dinheiro sai do pré-sal e vai para um pacto federativo, descentraliza e vira educação para o povo brasileiro espalhado para o país inteiro."
O ministro afirmou, ainda, que "em cinco ou seis dias" o governo anunciará medidas para baratear o custo da energia, que envolverão avanços no projecto de abertura do mercado de gás natural.
Sem entrar em detalhes, ele disse que haverá um "choque de energia barata".