BRASÍLIA (Reuters) -O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta quarta-feira que a decisão do Comitê de Política Monetária de elevar a taxa Selic em 1,00 ponto percentual, a 12,25% ao ano, o surpreendeu, de certa forma, mas admitiu que havia uma precificação nos mercados.
"Foi (uma surpresa) por um lado, mas tinha uma precificação nesse sentido", Haddad disse, em entrevista a jornalistas na saída da Fazenda pouco depois do anúncio do Copom, mas não falou sobre o conteúdo do comunicado, afirmando que não comenta a decisão antes de ver a ata da reunião.
Questionado se o pacote de contenção de gastos anunciado no mês passado e as reações negativas dos mercados financeiros, que o apontaram como insuficiente para sanar as contas públicas, pesaram no lado negativo do balanço de riscos do Copom, o ministro afirmou apenas que "do ponto de vista fiscal, nós estamos perseguindo as metas estabelecidas já há um ano".
No comunicado da decisão desta quarta-feira, o Copom citou risco de piora da dinâmica inflacionária a partir do anúncio das medidas fiscais do governo.
"A percepção dos agentes econômicos sobre o recente anúncio fiscal afetou, de forma relevante, os preços de ativos e as expectativas dos agentes, especialmente o prêmio de risco, as expectativas de inflação e a taxa de câmbio. Avaliou-se que tais impactos contribuem para uma dinâmica inflacionária mais adversa", disse o BC no comunicado.
A decepção dos mercados financeiros com o conteúdo do pacote, que foi aguardado ansiosamente desde antes das eleições municipais em outubro, pressionou os ativos brasileiros e fez com que o dólar engatasse uma série de recordes e que o Ibovespa registrasse quedas.
(Por Victor Borges; edição de Alexandre Caverni)