PARIS (Reuters) - A chanceler da Alemanha, Angela Merkel, e o presidente da França, François Hollande, disseram nesta quinta-feira que é crucial que a cúpula iminente da União Europeia, a primeira desde que o Reino Unido decidiu se separar do bloco, trate das fraquezas da UE com um plano de reformas.
A votação britânica para a saída do bloco, conhecida como Brexit, enviou ondas de choque pela UE, há muito vista por eleitores como excessivamente burocrática e impassível diante de suas preocupações, e ao mesmo tempo deu energia nova aos partidos anti-imigrantistas e eurocéticos do continente.
"Agora se trata de adotar uma pauta para Bratislava que deixe claro que estamos determinados a reagir juntos às fraquezas, às tarefas que enfrentamos", disse Merkel aos repórteres em Paris depois de se reunir com Hollande antes da cúpula de sexta-feira.
Hollande disse que o Brexit desencadeou uma crise que ameaça a própria existência do bloco e pressionou os 27 países-membros esperados na capital eslovaca a estabelecerem um calendário e um roteiro para as reformas.
A segurança será um dos três temas principais em discussão em Bratislava, afirmou.
"A primeira prioridade é a segurança... nossa segurança nas fronteiras, nossa segurança contra ameaças externas", disse Hollande.
A Alemanha e a França delinearam planos para aprofundar a cooperação militar europeia, já que a desfiliação britânica remove um dos maiores obstáculos para uma defesa conjunta mais robusta da UE com a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan).
Merkel disse que a Alemanha e a França irão pedir ao Conselho que adote suas propostas, mas acrescentou: "Queremos trabalhar de maneira inclusiva, por isso todos os 27 Estados-membros deveriam, é claro, ter a oportunidade de participar e decidir as coisas juntos".
Ela disse que é preciso ter uma resposta para a imigração e que algumas pessoas estão indo para a Europa por razões econômicas, e não como refugiados políticos ou de guerra. "Precisamos ser capazes de proteger nossas fronteiras externas e, é claro, precisamos assumir a responsabilidade por isso conjuntamente".
O presidente do parlamento da UE, Martin Schulz, disse em uma entrevista à revista alemã Der Spiegel publicada nesta quinta-feira que é imperativo que os integrantes do bloco falem com uma só voz.
"Assim que os britânicos tiverem determinado sua estratégia para as conversas com a UE, seremos confrontados com uma linha britânica unificada. Isso não pode se deparar com uma UE desunida, porque existem certas pessoas em Londres que gostariam de nos colocar uns contra os outros, e isso seria fatal para a UE", disse Schulz, segundo uma citação.
(Por Richard Lough em Paris e Michelle Martin em Berlim)