María M. Mur.
Cidade do Panamá, 13 nov (EFE).- A 26ª edição da Cúpula Ibero-Americana será realizada nesta semana em Antigua, na Guatemala, em um contexto econômico de baixo crescimento na América Latina, preocupação com Brasil, Argentina e Venezuela, e de consolidação da recuperação de Espanha e Portugal.
A América Latina encerrará 2018 com um crescimento conjunto de 1,2%, um décimo percentual a menos do que o número registrado em 2017. Para 2019, a projeção do Fundo Monetário Internacional (FMI) é de expansão econômica de 2,2%, apesar da revisão das previsões no relatório de outubro do órgão.
A Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal) também revisou para baixo as expectativas e prevê que a região crescerá 1,3% neste ano e 1,8% para 2019.
Os ajustes se devem à preocupação com a crise na Argentina, provocada pela forte instabilidade cambial que levou o governo do país a pedir um empréstimo de US$ 57,1 bilhões ao FMI.
A economia argentina recuará 2,6% neste ano e 1,6% em 2019, segundo o FMI. A Cepal é mais pessimista e calcula uma retração de 2,8% do Produto Interno Bruto (PIB) do país já em 2018.
O Brasil também é motivo de incerteza, apesar das previsões de crescimento de 1,4% em 2018. Os efeitos da grave crise de 2015 e 2016 ainda não foram totalmente superados. O índice de desemprego e o déficit fiscal, que precisará ser controlado pelo presidente eleito, Jair Bolsonaro, também preocupam, segundo analistas.
Já a Venezuela terá uma retração de 18% do PIB em 2018, de acordo com os cálculos do FMI.
Quem também se unirá ao grupo de países com dificuldades econômicas neste ano é a Nicarágua. Graças à crise política iniciada em abril do ano passado, a economia do país recuará 4%.
Mas as expectativas econômicas da América Latina são muito heterogêneas e há países que registrarão elevadas taxas de crescimento apesar dos cenários regional e internacional.
Os países que mais crescerão neste ano são a República Dominicana (5,8%), Panamá (4,8%) e o Paraguai (4,6%), segundo a Cepal. Mais atrás no ranking estão Bolívia (4,3%), Peru (3,9%), Chile (3,9%), Colômbia (2,7%), México (2,2%), Uruguai (1,9%) e Equador (1%).
A Espanha crescerá mais do que as principais economias da Europa, à frente de Alemanha, França e Reino Unido. O FMI calcula um avanço do PIB espanhol de 2,7% em 2018 e 2,2% em 2019. Portugal é visto com o mesmo otimismo, com previsão de crescimento de 2,3%, consolidando a recuperação da crise que abalou os dois países há dez anos.
Apesar das incertezas e do contexto econômico de baixo crescimento de Brasil e Argentina, o comércio entre América Latina e a península ibérica atravessa um bom momento.
No ano passado, a Espanha exportou 15,2 bilhões de euros para os países latino-americanos, 12,7% a mais que 2016. As importações chegaram a 16,9 bilhões, o que representa um aumento de 25% em relação ao ano anterior, segundo o governo espanhol.
Como membros da União Europeia (UE), Espanha e Portugal têm acordos comerciais assinados com países como Chile e México, além de tratados com blocos econômicos na América Central e com o eixo Colômbia-Peru-Equador.
A UE, além disso, encara a reta final das negociações de um tratado de livre-comércio com o Mercosul. E representa também uma fonte de investimento muito importante para a América Latina. Em 2017, o bloco se consolidou como maior investidor da região, com 42% do total, sendo seguido pelos EUA, com 28%, segundo dados da Cepal.
A Cepal alertou, no entanto, que o investimento estrangeiro direto (IED) na América Latina caiu pelo terceiro ano seguido em 2017, ficando em US$ 161,6 bilhões. Os analistas apontam como motivos da queda a incerteza provocadas pelas correntes protecionistas e o recuo dos preços das matérias-primas.