Por Bozorgmehr Sharafedin e Sam Wilkin
DUBAI (Reuters) - O Irã soltou nesta quarta-feira dez marinheiros norte-americanos que passaram a noite presos, encerrando um incidente que provocou tensão dias antes da implementação prevista de um acordo nuclear entre Teerã e potências mundiais.
A Guarda Revolucionária do Irã disse que os marinheiros aparentemente entraram em águas iranianas por engano. Eles foram detidos na terça-feira a bordo de duas embarcações de patrulha da Marinha norte-americana no Golfo Pérsico.
"Nossas investigações mostraram as duas embarcações da Marinha dos EUA entrando em águas territoriais iranianas devido a um sistema de navegação quebrado", disse o contra-almirante da Guarda Revolucionária Ali Fadavi, segundo a agência de notícias Tasmin, que costuma trabalhar em proximidade com a guarda.
O incidente ameaçou elevar as tensões entre o Irã e os EUA. Alguns conservadores em ambos os países têm criticado o acordo nuclear, sob o qual o Irã se comprometeu a limitar suas atividades nucleares em troca da retirada de sanções. O acordo tem o início de sua implementação marcado para os próximos dias.
O chefe das Forças Armadas do Irã, o general Hassan Firouzabadi, disse que o incidente deve demonstrar a força do Irã aos "causadores de problemas" no Congresso dos EUA, que buscam aumentar a pressão sobre o Irã após o acordo nuclear.
E em um comício de campanha nos EUA, o favorito para se tornar o candidato republicano na corrida presidencial, Donald Trump, que acusa o presidente Barack Obama de ter uma política externa fraca, descreveu o incidente como "uma indicação de para onde diabos estamos indo".
A Guarda Revolucionária do Irã, guarda pretoriana da República Islâmica, desconfia fortemente das atividades dos EUA perto das fronteiras iranianas, e muitos oficial graduados suspeitam que Washington esteja buscando uma mudança de regime em Teerã.
A Guarda Revolucionária opera unidades em terra e no mar separadas das Forças Armadas regulares, e com frequência realiza jogos de guerra no Golfo Pérsico, que separa o Irã de seus rivais na Arábia Saudita e da base naval dos EUA no Barein.