Arena do Pavini - As taxas de juros nas operações de crédito tiveram pequena queda em junho, mesmo diante da estabilidade da Selic (juro básico da economia) em 6,5% ao ano, definida na última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central. Pesquisa da Associação Nacional dos Executivos de Finanças e Contabilidade (Anefac) mostra que no mês passado os juros nos empréstimos para pessoas físicas e jurídicas registraram a quarta redução consecutiva — mas continuam elevados e em descompasso em relação ao corte da taxa básica.
Pessoa física paga menos em todas as modalidades; média cai de 127,25% para 126,23% ao ano
Das seis linhas de crédito destinadas a pessoas físicas pesquisadas pela Anefac, todas foram reduzidas em junho. A taxa de juros média apresentou redução de 0,04 ponto percentual no mês, passando de 7,08% ao mês (127,25% ao ano) em maio de 2018 para 7,04% ao mês (126,23% ao ano) em junho — a menor desde junho/2015. (Ver tabela).
Para empresas, taxa média recua de 59% para 57,5% ao ano
Para as empresas, o movimento se repete. Os juros das três linhas de crédito pesquisadas tiveram redução no mês. A taxa de juros média para pessoa jurídica recuou 0,08 ponto percentual no mês. Passou de 3,94% ao mês (59,00% ao ano) em maio para 3,86% ao mês (57,54% ao ano) em junho, sendo esta a menor taxa desde fevereiro de 2015.
Nas operações de Capital de Giro, houve uma redução de 5,15%, passando a taxa de juros de 1,94% ao mês (25,93% ao ano) em maio de 2018, para 1,84% ao mês (24,46% ao ano) em junho. No caso do Desconto de Duplicata, a redução foi de 3,04%, passando a taxa de 2,30% ao mês (31,37% ao ano) em maio para 2,23% ao mês (30,30% ao ano) em junho. Já na Conta Garantida, houve uma redução de 1,19%, com a taxa passando 7,59% ao mês (140,58% ao ano) em maio para 7,50% ao mês (138,18% ao ano) em junho de 2018.
Diminuição de compulsório e perspectiva de inadimplência menor permitiram redução
O diretor da Anefac e coordenador da pesquisa, Miguel de Oliveira, acredita que as reduções podem ser atribuídas a três fatores principais: diminuição dos depósitos compulsórios pelo BC, que entrou em vigor no último mês de abril; recuperação do cenário econômico em relação aos momentos recessivos, o que reduz o risco da inadimplência, e ainda taxas de juros e spread (diferença entre os que os bancos pagam na captação de recursos e o que cobram do tomador final) em patamares elevados. Ou seja, taxas com “gorduras”, que possibilitam a redução na ponta dos financiamentos, mesmo sem novos cortes na Selic.
Descompasso entre Selic e empréstimos ainda é grande
Considerando todas as elevações e reduções da taxa básica de juros (Selic) promovidas pelo Banco Central desde março/2013, destaca a Anefac, houve no período (março/2013 a junho/2018) queda de 0,75 ponto percentual da Selic (redução de 10,34%), de 7,25% ao ano para 6,50% ao ano.
Neste mesmo período, a taxa de juros média para pessoa física apresentou uma elevação de 38,26 pontos percentuais (elevação de 43,49%), de 87,97% ao ano para 126,23%. Já nas operações de crédito para pessoa jurídica, houve alta de 13,96 pontos percentuais (+ 32,03%), passando de 43,58% ao ano em março de 2013 para 57,54% ao ano em junho deste ano.
Anefac vê espaço para continuidade da queda nas taxas dos empréstimos
Para Oliveira, mesmo com a deterioração das previsões em variáveis importantes da economia, como PIB, emprego e taxa de câmbio, a tendência ainda é que os juros na ponta dos empréstimos continuem sendo reduzidos gradualmente nos próximos meses.
“Ainda que o cenário agora esteja menos positivo do que se esperava anteriormente, a economia saiu de uma fase recessiva, o que significa menor risco de crédito”, avalia. “Isso, somado às atuais taxas de juros das operações de crédito, ainda bastante elevadas, e maior concorrência entre os bancos, entre outros fatores, permite a continuidade da redução dos juros, mesmo que a taxa básica se mantenha estável”, completa o consultor, estimando a manutenção da Selic em 6,5% na próxima reunião do Copom.
Taxas de juros – Pessoas Físicas | ||||||
Linha de crédito | Maio/2018 | . | Junho/2018 | |||
Mês | Ano | Mês | Ano | Var % | Var PP | |
Juros comercio | 5,30% | 85,84% | 5,28% | 85,42% | -0,38% | -0,02 |
Cartão de crédito | 12,02% | 290,43% | 11,93% | 286,69% | -0,75% | -0,09 |
Cheque especial | 12,03% | 290,85% | 11,97% | 288,35% | -0,50% | -0,06 |
CDC Banco/Veic | 1,89% | 25,19% | 1,87% | 24,90% | -1,06% | -0,02 |
Emp Pes-bancos | 4,02% | 60,47% | 4,00% | 60,10% | -0,50% | -0,02 |
Emp Pes-Finan. | 7,24% | 131,36% | 7,20% | 130,32% | -0,55% | -0,04 |
Taxa Média | 7,08% | 127,25% | 7,04% | 126,23% | -0,56% | -0,04 |
Fonte: Anefac
Por Arena do Pavini