Por Lisandra Paraguassu
BRASÍLIA (Reuters) - A Justiça Federal do Paraná autorizou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva a participar do velório e cremação do neto Arthur, 7 anos, morto nessa sexta-feira em decorrência de uma meningite.
De acordo com a JFPR, "a fim de preservar a intimidade da família e garantir não apenas a integridade do preso, mas a segurança pública, os detalhes do deslocamento serão mantidos em sigilo".
Arthur será velado a partir das 22h desta sexta em São Bernardo do Campo. A cremação está prevista para o meio-dia de sábado.
A PF já havia recebido informalmente uma comunicação da Justiça para preparar a logística para a saída do ex-presidente e sua viagem a São Paulo. Um helicóptero espera na Superintendência da PF para levar Lula até base aérea de Curitiba, onde o ex-presidente embarcará em um avião cedido pelo governo do Paraná para a viagem.
Arthur foi internado esta manhã em um hospital em Santo André e faleceu próximo ao meio-dia. Lula foi informado da morte do neto no meio da tarde por um dos advogados, que conseguiu autorização da PF para entrar na unidade, que está fechada até a quarta-feira à tarde em função do Carnaval. Em seguida, Lula pôde falar com o filho Sandro Luís, pai de Arthur, por telefone.
Mais tarde, a presidente do PT, deputada Gleisi Hoffmann, conseguiu também autorização para visitar o ex-presidente. A deputada contou que Lula chorou várias vezes e estava muito abatido.
"Lula nos disse que devia ser proibido um pai enterrar um filho, um avô enterrar o neto", disse Gleisi.
A família de Sandro Luís morava com o ex-presidente desde a morte de dona Marisa e nas redes sociais de Lula era comum ver fotos com o neto. Desde que o ex-presidente foi preso, em abril do ano passado, Arthur foi pelo menos duas vezes visitar o avô.
A defesa de Lula entrou ainda no início da tarde com o pedido para o ex-presidente ir ao velório, com base na lei de execuções penais que autoriza a saída de presos no caso de morte de cônjuge, ascendentes, descendentes e irmãos.
Em janeiro deste ano, quando seu irmão Vavá morreu de câncer, a juíza de execuções penais negou o pedido para que Lula fosse ao enterro com base em uma alegação da PF de que não teria condições de levar o ex-presidente até o local do enterro.
Na época, o MPF se posicionou contra a saída do ex-presidente alegando também questões de segurança. Desta vez, o MPF foi a favor do cumprimento da lei.
Um recurso contra aquela decisão no Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4) também foi negado.
Já na hora da cerimônia, o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Dias Toffoli, autorizou que Lula se reunisse com a família em uma unidade militar em São Paulo, onde aconteceria a cerimônia. A decisão, no entanto, foi dada quando Vavá já estava sendo enterrado.
Lula então se recusou a sair da cadeia sob as condições dadas por Toffoli.