Por Marco Aquino
LIMA (Reuters) - Em uma disputada eleição presidencial, o Peru decide neste domingo se dará uma oportunidade à jovem Keiko Fujimori para chegar ao poder e limpar seu sobrenome ou se optará por um ex-ministro veterano para acelerar a economia.
Ao todo, 23 milhões de peruanos nas áridas regiões costeiras, nas alturas dos Andes e na densa floresta amazônica do país começaram a votar no segundo turno entre os candidatos de centro-direita, o que garantirá a continuidade do modelo econômico de livre mercado.
A enérgica filha de Alberto Fujimori, um ex-presidente que cumpre sentença de 25 anos por abusos dos direitos humanos e corrupção, e o experiente ex-funcionário do Banco Mundial Pedro Pablo Kuczynski chegaram ao segundo turno virtualmente empatados nas preferências de votos.
"Vão votar sem medo e pensando no país", disse Keiko Fujimori antes de votar no bairro residencial de Surco, em Lima, onde desfilou em uma caminhonete, acenando para seguidores.
Kuczynski, de 77 anos, passou à frente nas últimas pesquisas por alguns décimos de diferença, favorecido por sua participação no último debate presidencial, pelo respaldo de vários políticos - incluindo uma rival de esquerda - e por uma manifestação contra sua oponente, disseram especialistas.
Keiko, de 41 anos, é popular entre os setores mais desfavorecidos, mas seu sobrenome é uma faca de dois gumes: desperta receio em muitos por conta do autoritarismo e dos escândalos de corrupção durante o governo de seu pai, embora outros valorizem o fato de o patriarca Fujimori ter montado as bases para o crescimento econômico e combatido a violenta guerrilha de esquerda Sendero Luminoso.
Apesar de tudo, não está nada fácil para Kuczynski.
Diferente da maioria dos políticos, ele nunca esteve vinculado a escândalos de corrupção e é um celebrado ex-ministro da Economia, mas tem dificuldades para se conectar com os mais pobres, um setor essencial que o vê com ceticismo por conta de sua proximidade com empresários e sua educação elitista.
Além disso, muitos acreditam que ele está muito velho para governar.
"Votem com alegria, pensem na democracia e no diálogo, porque é o único que nos salva da corrupção", disse ele a jornalistas em Lima, antes de votar.
A votação encerram-se neste domingo às 16:00, no horário local, quando espera-se que a imprensa divulgue as primeiras pesquisas de boca de urna.
(Reportagem adicional de Ursula Scollo, Teresa Céspedes, Mitra Taj e Caroline Stauffer)