Por Tom Finn e Sylvia Westall
DOHA/DUBAI (Reuters) - O regente do Kuweit irá viajar à Arábia Saudita nesta terça-feira na esperança de resolver a crise entre o Catar e poderosos Estados árabes provocada pelo suposto apoio catariano a militantes islâmicos e ao Irã, rival político e religioso dos sauditas.
O emir xeique Sabah Al-Ahmad Al-Jaber al-Sabah irá se reunir com o rei Salman, da Arábia Saudita, e tentar resolver a maior desavença entre as maiores e mais ricas potências do mundo árabe em décadas.
Arábia Saudita, Egito, Emirados Árabes Unidos e Bahrein cortaram relações com o Catar e fecharam seus espaços aéreos a voos comerciais na segunda-feira.
Como sinal das consequências em potencial para a economia catariana, vários bancos da região começaram a reduzir suas transações comerciais com o Catar. O Banco Central saudita aconselhou os bancos do reino a não negociarem com os bancos do Catar na moeda deste último, disseram fontes.
O preço do petróleo também caiu devido ao temor de que a discórdia mine os esforços da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) para reduzir a produção.
O Catar e os outros Estados árabes se desentenderam devido ao suposto apoio de Doha a militantes islâmicos e ao xiita Irã -- acusações que o Catar chamou de infundadas.
O Catar ainda disse que não irá retaliar e que espera que o Kuweit ajude a resolver a disputa.
O ministro das Relações Exteriores catariano, xeique Mohammed bin Abdulrahman al-Thani, disse ao canal Al Jazeera, sediado no Catar, que seu país quer proporcionar ao regente kuwaitiano a capacidade de "proceder e se comunicar com as partes da crise e tentar conter o assunto".
O líder do Catar, xeique Tamim bin Hamad Al-Thani, conversou por telefone com o líder do Kuweit à noite e, para permitir que o regente do Kuweit faça a mediação, decidiu adiar um discurso à nação, disse o chanceler.
Há anos o Catar vem capitalizando sua enorme riqueza de gás e sua influência na mídia para ganhar prestígio na região. Mas vizinhos do Golfo Pérsico e o Egito vêm demonstrando irritação com suas iniciativas e seu apoio à Irmandade Muçulmana, que veem como um inimigo político.
O Iêmen, o governo da Líbia sediado no leste do país e as Ilhas Maldivas --aliados próximos dos adversários do Catar na disputa-- também cortaram laços com o país.
Estados Unidos, Rússia, França, Irã e Turquia pediram que a crise seja solucionada pelo diálogo.
(Por Ahmed Tolba no Cairo, Aziz El Yaakoubi, Tom Arnold, Hadeel Al Sayegh, William Maclean e Celine Aswad em Dubai)