LONDRES (Reuters) - Políticos britânicos pediram o fim das duras críticas aos juízes que nesta semana deram um duro golpe às preparações do governo para a Brexit, com um ex-procurador-geral dizendo que os ataques de alguns legisladores e jornais lembravam o fascismo.
A Suprema Corte da Inglaterra decidiu na quinta-feira que a decisão de iniciar as negociações formais de separação com a União Europeia deve ser aprovada pelo parlamento e não pode ser tomada pelo governo sozinho.
A decisão, que poderia atrasar os planos da primeira-ministro Theresa May para iniciar as negociações da Brexit até o final de março, foi recebida com fúria por alguns legisladores e jornais britânicos.
Sajid Javid, membro do gabinete de May, considerou a decisão uma tentativa "inaceitável" de "frustrar a vontade do povo britânico", enquanto o jornal The Daily Mail disse que os três juízes que deram a decisão eram "inimigos do povo".
Outros legisladores conservadores têm agora reagido contra as críticas.
"Há algo que choca com a posição fascista deles (os ataques)", disse Dominic Grieve, ex-procurador-geral britânico, ao The Times no sábado.
"Isso mostra um total mal-entendido da constituição do Reino Unido, que tais críticos periodicamente exaltam - ou um desejo deliberado de destruí-lo."
Bob Neill, presidente conservador do comitê de justiça do parlamento, alertou que os ataques estavam "ameaçando a independência de nosso judiciário" e "não tinha lugar em uma terra civilizada" e pediu a May para intervir.
(Por William Schomberg)