BERLIM (Reuters) - A chanceler da Alemanha, Angela Merkel, vai visitar na quarta-feira a cidade do leste alemão onde ocorreram violentos protestos contra refugiados no último final de semana, uma reação às críticas que recebeu de outros partidos por sua resposta lenta aos confrontos.
Merkel irá se encontrar com postulantes a asilo, voluntários e forças de segurança na cidade de Heidenau, próxima de Dresden, acompanhada do primeiro-ministro da Saxônia, informou seu porta-voz em um comunicado.
Os embates do início de sábado entre a polícia e militantes de extrema direita revoltados com a chegada de cerca de 250 postulantes a asilo, que estão abrigados em uma antiga loja de artigos de construção na cidade, deixaram 31 policiais feridos. Confrontos de menor escala também irromperam na noite seguinte.
No momento em que a Europa passa apuros para lidar com o influxo de migrantes que fogem de guerras em países como Iraque e Síria, várias cidades da Alemanha – país da União Europeia que mais acolhe postulantes a asilo – vêm se tornando um dos principais destino dos refugiados.
Só neste ano o país acredita que receberá 800 mil refugiados, o equivalente a quase 1 por cento de sua população, e os políticos vêm alertando sobre a hostilidade crescente contra estrangeiros. Os ataques a abrigos acontecem quase todos os dias.
Nesta terça-feira a polícia investigou um suposto incêndio criminoso contra uma arena esportiva na cidade de Nauen, no Estado de Brandenburgo, no leste alemão, onde cerca de 130 refugiados deveriam ser acolhidos. O local foi destruído de segunda para terça-feira, mas ninguém se feriu.
Muitos políticos alemães repudiaram a violência em Heidenau ao longo do final de semana, e o vice-chanceler, Sigmar Gabriel, líder do Partido Social Democrata (SPD, na sigla em alemão) que partilha o poder com os conservadores de Merkel, foi à localidade na segunda-feira para expressar sua revolta com os ataques.
Merkel não respondeu diretamente até a noite de segunda-feira, atraindo críticas de alguns legisladores do SPD e opositores. Um membro veterano do SPD a descreveu como "chanceler de couro fino" que prefere se pronunciar somente quando há boas notícias.
Na noite de segunda-feira, Merkel definiu o clima de racismo como inaceitável. Foi, afirmou, "repulsivo" ver militantes de direita e neonazistas demonstrarem seu ódio e deprimente que outros alemães os tenham apoiado marchando a seu lado.
(Por Madeline Chambers)