Por Alberto Alerigi Jr.
SÃO PAULO (Reuters) - As vendas de carros, comerciais leves, caminhões e ônibus novos confirmaram em janeiro tendência de crescimento, apesar das incertezas geradas em torno das discussões da reforma da Previdência e do cenário eleitoral, afirmou a associação que representa as montadoras do Brasil(Anfavea) nesta terça-feira.
As vendas somaram 181,3 mil veículos novos em janeiro, em um desempenho considerado positivo pelo presidente da Anfavea, que ponderou que os emplacamentos ainda têm um caminho de crescimento a ser percorrido, uma vez que a média dos licenciamentos dos últimos 10 anos para o mês é de 232 mil unidades.
"Ainda estamos abaixo da média, mas pelo menos o número (de vendas) é crescente, mostrando que a recuperação que tivemos no ano passado, ao que tudo indica, deve continuar neste ano", disse o presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores, Antonio Megale, a jornalistas.
Na comparação com dezembro, que costuma ter movimento mais acentuado que o primeiro mês do ano, as vendas em janeiro caíram 14,7 por cento, mas ante o mesmo mês de 2017 houve crescimento 23,1 por cento. Janeiro de 2016 havia sido o mais fraco de vendas desde 2006.
A produção de veículos de janeiro também seguiu trajetória de recuperação, crescendo 24,6 por cento na comparação anual, para 216,8 mil unidades, dentro da média dos últimos 10 anos de 217 mil veículos montados no mês. Ante dezembro, a produção subiu 1,5 por cento e marcou o maior nível para o mês desde 2014, segundo estatísticas da Anfavea.
"O número foi bom...ficar dentro da média dos últimos 10 anos indica que estamos saindo da fase depressiva da indústria", disse Megale. A indústria automotiva amargou quatro anos seguidos de queda nas vendas até o ano passado, o que contribuiu para o setor ficar com capacidade ociosa acima de 50 por cento até meados de 2017.
No cômputo entre vendas internas e produção, os estoques de veículos novos terminou janeiro em 228,7 mil unidades, acima dos 219,1 mil veículos a espera de comprador em dezembro. Segundo Megale, o volume estocado deverá voltar a cair a partir de março.
A indústria brasileira manteve ainda o desempenho de exportações, que em janeiro subiram 26 por cento em valor, considerando autoveículos e máquinas agrícolas e rodoviárias, para 1,03 bilhão de dólares.
Em unidades de autoveículos, as exportações do mês passado foram recordes para o mês, a 47 mil unidades, disse Megale, ultrapassando com folga a média de 30 mil verificada nos últimos 10 anos.
"Estamos bem encaminhados para superar o recorde do ano passado", disse Megale, se referindo às exportações de 2017 que atingiram 766 mil veículos.
SETOR AGRÍCOLA
As vendas de máquinas agrícolas em janeiro se destacaram negativamente, com queda de quase 56 por cento ante dezembro e 39 por cento na comparação anual, para 1,6 mil unidades.
Segundo o vice-presidente da Anfavea responsável pela área, Alfredo Miguel Neto, o desempenho não chegou a ser uma surpresa por conta de problemas na concessão de financiamentos pelo BNDES aos produtores, situação que foi resolvida em meados do mês passado.
"Temos tudo para um setor agrícola extremamente positivo neste ano. Hoje, o produtor está optando por máquinas de maior potência", disse Miguel Neto, acrescentando que a Anfavea deverá rever para cima a projeção deste ano de venda de 46 mil máquinas agrícolas e rodoviárias.
Ele explicou que 30 por centro da safra de soja do Mato Grosso já foi colhida "com produtividade igual ou melhor que a do ano passado". Por sua vez, Megale afirmou que a projeção da Anfavea, de crescimento de 3,7 por cento nas vendas de máquinas agrícolas no Brasil em 2018, "é conservadora pela performance que o setor agrícola" vem apresentando.