Por Nayara Figueiredo
SÃO PAULO (Reuters) - A produção de açúcar no centro-sul do Brasil deve alcançar um recorde de 37,3 milhões de toneladas na safra 2020/21, estimou nesta quinta-feira a consultoria StoneX, leve queda de 0,2% ante a projeção divulgada em junho, mas alta de 39,5% sobre o ciclo anterior e um recorde.
A StoneX revisou para baixo a projeção para moagem de cana-de-açúcar na região a 595,3 milhões de toneladas, queda de 0,4% no comparativo com a estimativa anterior, porém volume que supera em 0,8% o patamar observado em 2019/20.
"A redução no volume de cana que será processada deve ter impacto limitado sobre a produção de açúcar por usinas do centro-sul na temporada atual", disse em relatório referente à quarta projeção da consultoria para a temporada.
Em muitas das principais regiões produtoras do centro-sul, a menor umidade em relação à normalidade continuou pesando sobre as perspectivas de produtividade dos canaviais que serão colhidos no fim da temporada atual.
No acumulado de junho e julho de 2020, as precipitações na região analisada totalizaram 46,3 mm, alta de 16,4% frente ao mesmo período do ano passado, disse a consultoria. "Ainda assim, esse volume (de chuvas) se posiciona 29,6% abaixo da média de 10 anos", completou.
O ATR médio, em sentido contrário à moagem, foi revisado para cima, uma vez que a qualidade das lavouras colhidas tem conseguido se sustentar em meio à menor umidade registrada no cinturão canavieiro brasileiro.
"Por isso, nós da StoneX Brasil estimamos que a concentração de açúcares na cana suba para 139,5 kg/t, valor que se posiciona 0,3 kg/t acima da última publicação e supera 2019/20 em 0,6%."
ETANOL
A produção total de etanol no centro-sul do país foi estimada em 28,2 bilhões de litros, considerando o biocombustível da cana e de milho, retração de 15,2% em relação à 2019/20.
A expectativa da StoneX é que 25,8 bilhões de litros sejam provenientes da cana, queda de 0,1% em relação à projeção anterior e 18,4% abaixo do patamar registrado em 2019/20.
Do total vindo da cana, a projeção é que 18 bilhões de litros sejam de etanol hidratado (+3,6% ante a projeção anterior e -18,7% sobre a safra passada) e 7,8 bilhões de litros de anidro (-7,7% ante a projeção anterior e -17,7% ante 2019/20).
Além disso, a expectativa de produção de etanol de milho, por sua vez, foi elevada pela StoneX em 5,2% frente à estimativa anterior, para pouco menos de 2,4 bilhões de litros, superando a safra 2019/20 em 46,3%.
"Em meio às perspectivas de retomada do consumo de combustíveis no médio e longo prazo, a StoneX projeta que a oferta total de milho no Brasil em 2019/20 (set-ago) possa atingir as 100 milhões de toneladas, o que, a depender das exportações e da evolução do consumo doméstico, poderá pesar sobre os preços no mercado interno e contribuir com a margem de produção do biocombustível a partir do cereal."
(Por Nayara Figueiredo)